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Editorial da SASP – Na contramão da informação!

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Vivemos a era da informação em tempo real, onde qualquer pessoa pode saber em poucos segundos, um fato que aconteceu do outro lado do mundo, tudo isso na palma da mão, por meio dos smartphones e tablets. A tecnologia nos trouxe avanços em diversos setores, principalmente na comunicação, facilitando que ela chegue ao público de forma rápida. Porém, estamos vivendo um fenômeno no carnaval que vem na contramão disso, que é a proibição da divulgação dos sambas-enredos concorrentes. Algumas escolas do grupo Especial do carnaval paulistano simplesmente proibiram os compositores de divulgarem suas obras pela redes sociais, sites especializados e qualquer outro tipo de mídia ou apenas liberaram a divulgação dos sambas finalistas.

Uns dizem que essa medida é tomada para que o pré-julgamento das obras não influencie no resultado final da disputa. Já outros, falam que é para evitar que o público pressione em favor de determinado samba. Independente das causas, a pergunta que fica no ar é: o que essa proibição vai mudar na escolha do samba vencedor? 

Essa medida é equivocada por diversos fatores. O primeiro e mais fácil de se explicar: o carnaval dos compositores acontece nesse período das disputas. Durante o resto do ano, ninguém liga para os compositores, essa é a mais pura verdade. Então esse é o momento que os poetas do samba têm para mostrar suas obras e para isso, a internet é o principal meio de divulgação.  Não faz sentido o compositor gastar tempo e principalmente muito dinheiro na elaboração e gravação da sua obra e não ter o direito de mostrar isso pra ninguém. É como ter um filho, mas não poder mostrar a criança para os familiares e amigos. Claro que todos os poetas escrevem suas obras com o desejo de vitória, mas sabemos que poucos têm esse privilégio de ter um samba cantado na avenida, por isso, a divulgação dos sambas é muito importante, já que uma curtida, um comentário positivo ou uma compartilhada, já serve como combustível para o compositor seguir em sua caminhada musical.

O segundo fator é o mais importante de todos: o público! Os apaixonados pelo carnaval também aguardam ansiosamente o período para ouvir os sambas, escolher seu preferido e se engajar na torcida, mas a medida de não divulgação das obras está cerceando essa direito. Lembramos que a cada ano, o número de apaixonados pelo carnaval vêm caindo consideravelmente por diversos fatores e esse, é mais um deles, a festa está perdendo a graça! Os sambistas têm sim o direito de saber todos os detalhes e informações de sua escola de samba do coração, das sinopses até os sambas concorrentes. Não podemos tirar o direto dele torcer para o samba que mais lhe agrada na disputa, claro que de forma respeitosa. Eles são o grande alicerce dessa folia, o público consumidor que faz a economia do sambar girar. Sem eles, não tem carnaval!

E por fim, voltamos na pergunta que fizemos no início do texto: o que a proibição vai mudar na escolha do samba vencedor?

O processo de escolha dos sambas não é feito às cegas, a comissão julgadora sabe quem são os compositores de cada obra inscrita. Então entendemos que essa proibição é feita simplesmente para evitar questionamentos dos sambistas, que ressaltamos novamente, têm o direto sim gostar ou não da obra escolhida, dar sua opinião, claro, de forma respeitosa, assim como tem que ser em qualquer debate na vida.

Antes de punir o público, as escolas precisam olhar dentro delas e analisar seus processos de escolha de samba, os tornando mais justos, e transparentes.

O público e os compositores não podem arcar com essa conta, quem perde com tudo isso é o carnaval. Sabemos disso, pois a SASP e os demais veículos específicos de carnaval recebem diversas mensagens nesse período perguntando sobre a divulgação dos sambas concorrentes e infelizmente, temos que responder que não fomos autorizados a divulgar os sambas (apesar que todo mundo recebe os sambas pelo whatsapp).

Esperamos que a diretorias das escolas de samba revejam essa posição e divulguem as obras ocultas!

Botequim da SASP