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Poetas Do Anhembi: Turko e sua terceira vitória na Mocidade Alegre

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Por Vinicius Vasconcelos 

A vice-campeã do carnaval 2018, mergulhou até o rio Amazonas e dele trouxe seu enredo para 2019. Com o título de Ayakamaé – As águas sagradas do sol e da lua, cabe aos artistas Neide Lopes, Carlinhos Lopes, Paulo Brasil e Márcio Gonçalves colocarem a Mocidade Alegre no lugar mais alto do pódio novamente. Fato que não acontece desde 2014. 

Dando continuidade a série Poetas do Anhembi, a equipe da SASP conversou com o compositor Turko sobre o processo de criação da obra que sagrou-se campeã, composta por ele em parceria com Biro Biro, Gui Cruz, Maradona, Imperial, Portuga, Rafael Falanga, Rodrigo Minuetto e Vitor Gabriel.  

“Assim que saímos da explanação do enredo marcamos a primeira reunião. Fizemos a leitura com todos os parceiros mas já tínhamos o entendimento a partir do que foi dito na entrega da sinopse. O texto veio muito fácil. Como é característica da Mocidade veio todo dividido por setores. Isso deixa mais claro pro compositor. Nos encontramos um total de 8 vezes, mas vários deles foram apenas pra bater papo, tomar uma cerveja, comer uma feijoada. A parceria é de um ambiente familiar. Metade desses encontros não criamos, apenas conversamos”, recordou.  

Em primeira mão, o compositor explica como foi a escolha dos refrões do samba e como eles foram definidos. “Nós deixamos os refrões para serem escolhidos no estúdio. Era um processo cultural já dos mais antigos da parceria, eu nunca tinha feito. Mas definimos após o ensaio dentro do estúdio com os cantores. Tínhamos cerca de 3 opções e optamos pela melhor”, explicou. 

Tricampeão de samba-enredo na Morada, e campeão com samba de sua autoria em 2009, Turko confessa que a parceria inteira se preocupou em saber dosar os excessos de elementos indígenas do enredo. 

 “A primeira palavra que veio para entrar no samba foi o título do enredo: Aykamaé. Essa foi a nossa observação antes de começar a escrever. Era uma sinopse muito rica, cheia de conteúdo e vimos que várias palavras indígenas estavam presentes. Precisamos tomar alguns cuidados para dar o entendimento legal na letra e não deixar com muitas palavras diferentes dificultando o entendimento. Mas também precisávamos pensar que o enredo é dessa maneira. Nos preocupamos muito na dosagem de como contar a história do sol com a lua. Outra coisa que também não poderia ficar de fora era a maneira de viver do povo ribeirinho. Suas lendas, rezas, seu trabalho, seu modo de viver. Tomamos muito cuidado para deixar da melhor maneira poética possível” 

Nos últimos anos as finais da Morada sempre contavam com o duelo de Turko x Gêmeos. Porém, dessa vez foi diferente. A parceria se uniu e resultou numa belíssima vitória. Sobre isso, Turko afirma que ganhar na Mocidade alegre tem um diferencial emocional.  

“Ganhar nessa escola é uma satisfação enorme. Temos um respeito enorme por todas agremiações e pelo samba. A Mocidade tem um diferencial pra mim. Fui nascido e criado no mundo do samba dentro da Morada. Desfilei pela primeira vez na escola em 84 na ala ‘Em cima da hora’, e comecei a competir samba-enredo lá dentro em 1991, já faz bastante tempo. Nos últimos anos fizemos algumas finais contra os gêmeos e acabamos perdendo. Pra esse ano eles nos convidaram para participar da parceria. Recebemos o convite com muita felicidade e acabou resultando nessa vitória”. 

Como todo bom compositor de samba-enredo, Turko também tem seus trechos preferidos na obra. “O samba é de uma poesia muito bela e singular. A parte ‘O sol… Beijando as águas ao entardecer / Encontra a lua pra fazer valer / A jura eterna de uma paixão / Transborda dentro do meu peito/As águas da inspiração / Que faz “Morada” em cada coração’ me emociona demais. Com certeza vai acontecer no Anhembi. Assim como o próprio refrão que também é muito forte. Só quem é Mocidade sabe a força e da potência dele.  

A Mocidade Alegre será a terceira escola a desfilar no sábado de carnaval, buscando o décimo primeiro título de sua história. 

Botequim da SASP