Cercada de expectativas por ser a escola com possibilidade de tricampeonato, a Acadêmicos do Tatuapé apresentou na madrugada de sábado um belo desfile plástico, além da força de sua comunidade. Mas os problemas de iluminação em 3 dos seus 5 carros alegóricos podem atrapalhar os planos da agremiação em busca do lugar mais alto do pódio.
O último carro foi o mais prejudicado com a falha do gerador. Havia um grande telão de LED que passou a avenida inteira apagado podendo prejudicar a escola em décimos preciosos.
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Apesar dos problemas, as alegorias da escola possuíam um excelente acabamento e de fácil leitura. O abre-alas imponente com São Jorge no centro e São Sebastião nas laterais apresentava “Os bravos guerreiros”que estavam por vir no decorrer do desfile. As fantasias elaboradas por Wagner Santos formaram um belíssimo tapete quando ocuparam a totalidade da pista e causaram um grande impacto visual. Mesmo sendo grandes, volumosas e luxuosas, o componente da escola foi priorizado e seu canto não ficou prejudicado.
A bateria Qualidade Especial, comandada por mestre Higor, passou com o ritmo na casa dos 148bpm e executou diversas paradonas durante o desfile e todas voltaram no tempo exato sem nenhum instrumento atravessar. Destaque ficou por conta das caixas e cuícas.
Mais uma vez o intérprete Celsinho Mody mostrou que é um gigante do carnaval de São Paulo. O desempenho do cantor junto de seus companheiros de carro de som merece menção honrosa tanto pela qualidade sonora, quanto pela fantasia que eles vestiam, em homenagem aos pracinhas brasileiros que lutaram na segunda guerra mundial. Vale ressaltar o excelente trabalho de harmonia feito durante os treinos da Tatuapé e que foi novamente executado no desfile. Durante todas as paradinhas que necessitavam do canto do componente, a resposta vinha de forma imediata dando ainda mais emoção a cada trecho do samba-enredo.
O desfile da atual bicampeã do carnaval começou, como no samba-enredo, os guerreiros da religião e da astrologia. Com Jorge, Ogum e Marte, a comissão de frente da agremiação uniu esses três elementos para formar uma homenagem a São Jorge, santo padroeiro e considerado no enredo o maior guerreiro do mundo. Logo na sequência, o abre-alas da Azul e Branca veio retratando o maior conflito religioso da história, a Guerra Santa ou Cruzadas. Com uma estrutura gigante, a alegoria chamou a atenção pelo gigantismo e pelas cores, laranja e cinza, com um grande castelo medieval.
Logo na sequência, o desfile do Tatuapé iniciou sua viagem pelos guerreiros que se destacaram ao longo da história. Templários, Mongóis, Mosqueteiros, Samurais e Vikings foram retratados em alas da agremiação. Ainda neste setor, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diego e Jussara, veio representando Ricardo Coração de Leão e Leonor de Aquitânia – dois grandes monarcas do período medieval, que foram mãe e filho e se destacaram pela participação em grandes batalhas, como as cruzadas. Também neste setor, a Ala da Baianas veio representando Boudica, a Rainha Guerreira que lutou bravamente com sua espada em defesa de suas terras.
O segundo carro da agremiação veio representando os guerreiros da mitologia greco-romana. A alegoria trouxe as duas etnias para a avenida e levou entre os destaques: Júlio César, Aquiles, as sacerdotisas de Atenas, gladiadores e guerreiros de ambos os povos. Logo na sequência, o desfile do Tatuapé trouxe guerreiras amazonas, soldados romanos, gladiadores e guerreiros xians e egípcios – todos em alas.
O terceiro carro da agremiação levou para a avenida os orixás guerreiros e guerreiros quilombolas. A alegoria trouxe os orixás cultuados pelos negros no período de resistência à escravidão: Exu, Obá, Iansá e Oxóssi. O carro ainda contou com totens, marfins e vasos e cabeças de antílopes para simbolizar a cultura africana. Nas alas subsequentes, guerreiros africanos, indígenas e da Amazônia foram retratados. No mesmo setor, ainda houve espaço para homenagear as guerreiras do lar (em uma ala coreografada) e os guerreiros da informação, os jornalistas.
O quarto carro da escola abordou os guerreiros sem armas. A alegoria homenageou aqueles que lutam por um mundo melhor para se viver, como os ambientalistas do Greenpeace, os Médicos Sem Fronteiras e da Cruz Vermelha e personalidades que dedicaram suas vidas a um ideal humanitário, como: Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá, Dalai Lama, Martin Luther King Jr e Malala Yousafzai). As últimas alas prestaram homenagens aos guerreiros do dia a dia: garis, profissões como um todo, os brasileiros e os guerreiros do carnaval. A Qualidade Especial, bateria comandada por Mestre Higor, representou os guerreiros brasileiros da classe operária e a Ala Musical, comandada por Celsinho Mody, os pracinhas do Exército Brasileiro.
Fechando o desfile, a última alegoria do Tatuapé prestou homenagem aos guerreiros da agremiação. Comemorando 66 anos de história, a escola trouxe no último carro o símbolo estilizado do Tatuapé e o grande símbolo da escola, o Tatu. Com a presença das crianças da comunidade e da velha guarda, a alegoria contou com dois telões de LED passando momentos importantes da história da Azul e Branca.