A última semana foi repleta de incertezas para foliões e profissionais envolvidos com o carnaval, já que poder público, entidades gestoras da folia, escolas de samba, blocos de rua e a sociedade em geral estão debatendo sobre a viabilidade da realização do carnaval em 2021, devido a pandemia do novo coronavírus, que só no Brasil, já matou mais de 78 mil pessoas, até o momento.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, Sidnei Carrioulo, que também preside a Águia de Ouro, sugeriu em entrevista ao Portal G1, que o carnaval seja adiado para o mês de maio ou julho. Outros sambistas, se manifestaram nas redes sociais querendo que os desfiles só voltem em 2022. A decisão final deverá ser tomada no próximo mês.
Enquanto não se tem essa decisão, algumas agremiações seguem trabalhando para a construção dos desfiles de 2021. Uma dessas escolas é a Mancha Verde, do carnavalesco Jorge Freitas, que falou sobre o andamento do projeto alviverde. “Os trabalhos estão sendo executados dentro do nosso cronograma, claro, com todos os cuidados exigidos para a preservação das vida, como as medidas de distanciamento, máscaras e álcool em gel em todo barracão. Já lançamos enredo e sinopse, e estamos no processo de escolha do samba, por meio de audições internas. Os figurinos e projetos alegóricos já foram desenvolvidos e neste momento estamos confeccionando as fantasias pilotos”.
Para o carnavalesco, a melhor opção é que os desfiles sejam realizado em outra data, claro, se houver segurança para os foliões. Jorge ressalta que sua maior preocupação são com os profissionais que dependem, exclusivamente, do carnaval para viver, como costureiras, aderecistas, ferreiros e carpinteiros, entre outros.
“Ouço diversas pessoas questionando o carnaval, mas temos que distinguir carnaval de desfile de escola de samba. É preciso pensar nas pessoas que dependem, direta e indiretamente, da produção do carnaval. Somos uma grande empresa e diversos profissionais e famílias dependem exclusivamente da festa pra sobreviver. Temos que fazer com toda segurança e isso não atrapalha a produção do espetáculo, por isso, a melhor saída é um carnaval fora de época, caso seja possível”, ponderou.
Vale lembrar que em 2020, só os desfiles das escolas de samba realizados no sambódromo do Anhembi movimentaram cerca de R$ 227 milhões. Se contar os blocos de rua, essa cifra chega a 2,9 bilhões de reais, injetados diretamente na economia paulistana, segundo dados divulgados pelo prefeitura de São Paulo.
Apesar das incertezas, Jorge se mostra otimista com a realização dos desfiles, mesmo que seja em uma menor proporção. Mas afirmou que se não houver condições, a Mancha levará o projeto do enredo Planeta Água para 2022. “Acredito muito na realização do carnaval 2021, mas caso não aconteça, seguiremos com o mesmo projeto para o ano seguinte. Porém, sou otimista em relação aos desfiles do ano que vem, temos que zelar pela segurança de todos envolvido nesse projeto, mas temos também que auxiliar todos os nossos profissionais, se Deus quiser, tudo dará certo, saúde e trabalho”, finalizou.