Segunda agremiação a desfilar na primeira noite de desfiles, a Unidos do Peruche entrou na avenida para homenagear o cantor e compositor Martinho da Vila com o enredo Peruche celebra Martinho – 80 anos do Dikamba da Vila e apresentou em seu desfile um abre-alas acoplado que foi o destaques da parte visual do projeto desenvolvido pelo carnavalesco Mauro Quintaes.
O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Thais Paraguassu e Jefferson Gomes encantaram as arquibancadas do Sambódromo em seu primeiro ano bailando juntos, com leveza, simpatia e carisma os dois representaram os ritos primitivos que encenam o movimento, a vitalidade e o vigor das forças da natureza cultuados pelos africanos em celebrações tribais. A Comissão de frente se apresentou em dois grupos, que vieram representando os espíritos que abriam os caminhos da escola no Anhembi.
O destaque positivos encontrados nas alegorias da escola não ocultaram os problemas nas fantasias. Algumas alas vieram sem os adereços de cabeça e carregando algumas composições das fantasias na mão.
Martinho veio na última alegoria da escola e à frente do carro sua família estava presente, para homenagear junto a agremiação o aniversário do cantor. A Unidos do Peruche encerrou seu desfile em uma hora e cinco minutos dentro do tempo que pede o regulamento.
PRIMEIRO SETOR
Na abertura do desfile perucheano, o encontro dos povos e culturas de matriz africana e indígena. O primeiro trecho se dedicou aos ancestrais que contribuíram para o talento de Martinho. Inspirada em “Semba dos Ancestrais”, a comissão de frente representou espíritos abrindo o caminho para a evocação na pista. Um elemento cenográfico integrou a comissão, representando as raízes primitivas e a magia das celebrações nas noites de ritual.
Logo na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Jefferson e Thais Paraguassu, ostentou o pavilhão da Filial do Samba com uma bela indumentária, que remetia aos ritos primitivos e ao vigor dos povos africanos. Fechando a cabeça da escola, uma ala representou as mamuílas, mulheres que encantaram Martinho em sua primeira excursão a Angola. Um gigantesco abre-alas encerrou o setor, retratando o encontro entre o negro e o índio. Dividido em três acoplamentos, o carro utilizava-se basicamente das cores verde (para representar o afro) e marrom (para o índio), em uma das maiores alegorias que o Anhembi já viu.
SEGUNDO SETOR
A infância e formação de Martinho foram retratadas no segundo setor do desfile da agremiação. A Folia de Reis, a Ladainha, o Calango e a dança do Mineiro Pau, presentes na infância de Martinho em Duas Barras, no Rio, foram retratados em alas da agremiação. O ritmo rural da cidade e as manifestações religiosas do lugar, aliás, foram fundamentais para a criação da identidade musical do homenageado, como indicou o segundo carro da Unidos do Peruche. Destaque para a escultura representando o pequeno Martinho com a coroa dos reis magos nas mãos, em alusão à Folia de Reis.
TERCEIRO SETOR
A ligação de Martinho José Ferreira com o bairro de Vila Isabel, na Zona Norte do Rio, foi representada no terceiro setor do desfile da Filial do Samba. O tradicional Bando dos Tangarás, criado em 1929, e os sucessos da carreira de Martinho, como “Casa de Bamba” e “Renascer das Cinzas”, samba utilizado como hino pela Unidos de Vila Isabel há muitos carnavais. Por fim, a terceira alegoria fez uma bela homenagem ao bairro boêmio de Vila Isabel. Espaço para as calçadas musicais, a boemia e os bares foram retratados de maneira fidedigna no carro alegórico.
QUARTO SETOR
A ligação de Martinho com os países lusófonos foi retratada no quarto setor da agremiação. Seu projeto musical dedicado à canção lusófona e sua ligação com Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Angola foram lembrados, com alusões a seus principais ritmos. Na penúltima alegoria da escola, a retratação de Martinho como embaixador musical e literário nesses países.
QUINTO SETOR
As contribuições de Martinho para o carnaval da Vila Isabel foram retratados no último setor da escola. “Sonho de um Sonho”, “Pra tudo se acabar na quarta-feira” e o inesquecível “Kizomba, a festa da raça” foram lembrados. Por fim, a última alegoria, predominantemente em branco e preto, contando com a presença do homenageado Martinho da Vila. Uma grande comemoração, com a presença da Velha Guarda do Peruche, aos 80 anos de Martinho José Ferreira finalizou o desfile perucheano.