As onze escolas de samba do grupo de Acesso 2 desfilaram no sambódromo do Anhembi na noite do último sábado, dia 3, na abertura oficial do carnaval paulistano. O evento contou com arquibancadas lotadas e desfiles gigantescos. Os destaques ficaram para as apresentações da Imperador do Ipiranga, Morro da Casa Verde, X-9 Paulistana e Unidos do Peruche.
Os desfiles também ficaram marcados por alguns problemas, como os estouros de tempo da Uirapuru da Mooca e Camisa 12. A apuração do Acesso 2 acontecerá somente em 13 de fevereiro. Confira abaixo como foi cada apresentação (clique no nome de cada escola e abra a galeria de fotos):
Voltamos a desfilar no Anhembi, a escola de samba da zona leste abriu os desfiles levando o enredo Um príncipe negro na corte dos esfarrapados. O conjunto visual da escola foi um dos destaques da apresentação. Alegorias grandes e fantasias com fácil leitura. O samba de Jorginho Soares, Renne Campos, Liso, Marcio Biju e Andherson Cicinho funcionou bem, ajudando o canto dos componentes.
A campeã do grupo Especial de Bairros da UESP em 2023, entrou na avenida comemorando o retorno ao sambódromo, que não acontecia desde 2016. Com o enredo O Canto das Três Raças…O grito de alforria do trabalhador, a São Lucas apresentou um belo carnaval. Os destaques ficaram para o canto da escola, embalados pelo samba interpretado por Tuca Maia, e a evolução da escola, que em nenhum momento correu na pista.
Sonhando com o título inédito do Acesso 2, a Imperatriz entrou com um dos melhores conjuntos alegóricos da noite para apresentar o enredo Maracatu, Bendito é o seu Rito. Os destaques ficaram para a bateria comandada por mestra Rafa, a única mulher a frente de uma bateria das entidades filiadas à Liga, e para o conjunto de fantasias da agremiação. Vale ressaltar que a escola passou por um problema em sua apresentação, já que o braço de uma escultura da segunda alegoria se soltou, isso poderá prejudicar a avaliação dos jurados do quesito.
Com o enredo Eduardo Basílio. Um Mar de Rosas de Ouro do Quilombo da Brasilândia para o Mundo, a escola da zona leste homenageou o fundador da Rosas de Ouro, Eduardo Basílio, sambista que morreu em 2003, aos 70 anos. A Amizade Zona Leste fez um boa apresentação, apesar do conjunto visual estar um pouco distante das concorrentes. O destaque ficou para a comissão de frente, coreografada por Márcio Akira, que fazia uma viagem no tempo na história da Rosas de Ouro.
Uma das personalidades do desfile foi Angelina Basilio, filha do homenageado e presidente da Rosas de Ouro.
A quinta escola da noite levou para seu desfile a história da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, do Rio de Janeiro. Os destaques começaram logo com a apresentação da comissão de frente, que relembrou importantes comissões da escola carioca e ainda trouxe a figura de Castor de Andrade, que durante décadas foi patrono da Mocidade. O conjunto musical também se destacou, com um casamento perfeito entre a ala musical, comandada por André Ricardo, e a Bateria da Mooca, de mestre Murilo Borges.
O bom desfile foi atrapalhado por um problema com uma das alegorias da escola. Durante muitos minutos, a agremiação ficou parada tentando contornar o problema e isso fez com que houvesse o estouro de tempo. A escola passou na avenida com 51 minutos e 15 segundos, ultrapassando o tempo regulamentar de 50 minutos e 59 segundos. Com isso, a escola perderá 0,2 décimos pelo estouro e 0,1 por minuto ultrapassado, totalizando 0,3 décimos.
A escola da zona norte levou para avenida o enredo Nordestino sim, Nordestinado jamais!, inspirado no poema de Patativa do Assaré. O desfile desenvolvido pela comissão de carnaval da agremiação foi um dos melhores da noite. A comunidade xisnoveana esbanjou espontaneidade ao cantar o samba composto por Claudio Russo e Fadico, sendo um dos pontos altos da apresentação. Outro destaque foi com o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Igor Sena e Julia Mary, que representaram o coração nordestino.
Com o enredo Meu Black é de Rei, Minha Coroa é de Chico. Chico Rei Entre Nós, a escola oriunda da torcida do Corinthians causou grande impacto em sua abertura, com a lindo abre-alas, que representava a captura e o sequestro de africanos por traficantes de escravos portugueses. O conjunto visual como todo foi um dos destaques da noite do Acesso 2. A bateria de mestre Lipe, levantou as arquibancadas do Anhembi.
Apesar do belo desfile, um problema na segunda alegoria, dificultou a evolução da escola na pista. Com isso, a entidade fechou seu apresentação com 51 minutos, estourando o tempo regulamentar. Assim como a Uirapuru, ela também deverá perder 0,3 décimos.
Com o enredo Salve ela! A Majestade do Samba Portela!, a Cidade Líder contou os 100 anos da Portela em seu desfile. A comissão de frente retratou grandes sambistas da história da escola carioca, como Paulo Benjamim de Oliveira, seo Natal, Clara Nunes e Candeia, entre outros. O imponente abre-alas trazia a Águia, símbolo da Portela e uma grandiosa imagem de Nossa Senhora Aparecida. A escola fez um bom desfile e se credencia a uma das vagas para o Acesso em 2025.
Trazendo o enredo Desperte a criança que há dentro de você, a escola da zona sul fez um desfile tecnicamente perfeito, aproveitando o tema para um desfile lúdico e repleto de cores. O conjunto visual da escola foi o grande destaque da noite. Além disso, o samba composto por Xandinho Nocera, Nando do Cavaco, Fredy Vianna, Rodrigo Atração, Edson Liz, André Filosofia, Thiago SP e Ronny Potolski e cantado por Rodrigo Atração, funcionou demais, já que os componentes cantavam com toda força.
Com essa apresentação quase perfeita, a Imperador do Ipiranga é uma das grandes favoritas para vencer o grupo de Acesso 2.
A escola que caiu do Acesso 1 em 2023, entrou na avenida sonhando com o retorno em 2025. A escola apresentou o enredo O canto de Ominirá: Negra é a raiz da liberdade! Com um desfile leve, a escola levou uma comissão de frente tradicional, sem o uso de um elemento alegórico, representando uma invocação as Yabás. A força do desfile do Morro, que a credencia para buscar o título do gru se deu muito ao samba composto por Sidney Arruda, André Ricardo, Rubens Gordinho, Thiago SP, Douglas Chocolate, Ulisses Sousa, Jacopetti, Nega e Celsinho Mody, e brilhantemente interpretado por Wantuir Oliveira, uma dos principais puxadores da história do carnaval brasileiro.
O dia já estava clareando quando a Unidos do Peruche entrou para encerrar a noite de desfiles. Com o enredo Da Cultura do Reino de Ifé, ao legado da Rainha Ronke, a tradicional escola da zona norte apresentou um grande desfile. Os destaques ficaram para o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Gabriel Vullen e Joice Prado, que representaram a ancestralidade Africana, e pela bateria Rolo Compressor, do estreante mestre Marcel Bonfim. A escola também é uma das contadas para conquistar uma das vagas ao Acesso 1, em 2025.