A penúltima escola a desfilar na segunda noite de desfile do grupo Especial foi a Dragões da Real, que levou para o Anhembi o universo da música caipira com o enredo Minha música, minha raiz. Abram a porteira para essa gente caipira e feliz. Com um desfile impecável, a escola da Vila Anastácio encantou o público logo no seu início, com sua comissão de frente, que representou um lar caipira. O elemento alegórico trazia o cantor sertanejo Sérgio Reis, levantando as arquibancadas do Anhembi.
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O conjunto visual da escola manteve a tradição dos últimos anos, com fantasias ricas e com diversos detalhes e alegorias vivas, com muitos componentes fazendo encenações. Quem também se destacou foi o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rubens e Evelyn, mostrando um bailado sincronizado e com riqueza em seus movimentos.
A bateria Ritmo que Incendeia, de Mestre Tornado, foi segura durante toda sua apresentação, mantendo o ritmo do início ao fim, dando segurança para o intérprete Rene Sobral, um dos destaques da escola.
No final do desfile, o presidente Renato Remondini, o Tomate, falou sobre a satisfação de dever cumprido. “O resultado que queríamos nós conseguimos, levantamos nossa comunidade, novamente levantamos o público e agora o resultados está na mão dos jurados, independente de resultado, a Dragões é vencedora demais, ela atingiu um patamar no carnaval de São Paulo que muitas escolas não conseguiam”, finalizou.
PRIMEIRO SETOR
Tendo a música caipira como pano de fundo, o começo do desfile da Dragões exaltou o sentido que a música dá a vida e o elo que as canções produzem entre o homem do campo, sua casa e seus familiares. Logo na comissão de frente, um elemento alegórico representou o lar caipira, com uma das integrantes como a matriarca da família, que recebe de braços abertos seus convidados. No alto da alegoria, o cantor Sérgio Reis, que participou da gravação da faixa da Dragões no CD oficial, marcou presença representando a magia da música e saudando o público no Anhembi. Ainda no quesito que abriu o desfile, houve espaço para homenagens a figuras importantes da música caipira: como Inezita Barroso, Tião Carreiro e a dupla Tonico e Tinoco.
Logo na sequência, a representação do despertar de um novo dia, assim como a presente na letra do samba de 2018. O galo, como despertador do campo, foi representado antes do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Rubens e Evelyn. A dupla representou o bailado do zangão sobre o girassol, que na visão da escola, certamente inspirou e ainda inspira a melodia das canções do campo.
Até chegar ao abre-alas, ainda houve espaço para mais uma ala ligada à natureza e sua contribuição para a música, como inspiração, com a Sinfonia dos Pardais. Logo depois, o primeiro carro da agremiação: uma gigantesca carroça caipira. No centro da alegoria, a casa do homem do campo, protegida pelo símbolo da agremiação, o dragão. Cercada de violas, a alegoria contou com um pé de laranja lima no fundo do carro, para render frutos ao desfile, e com pássaros ao longo da alegoria para representar a inspiração melódica do caipira.
SEGUNDO SETOR
Elementos da rotina do caipira estiveram presentes no segundo setor do desfile da agremiação. Destaque para a Ala das Baianas, representando as plantações de algodão, tão presentes no dia a dia do caipira e que, de acordo com a ideia de enredo da escola, contribuem para o estilo musical homenageado, assim como as plantações de feijão, milho, trigo e café. Por fim, o segundo carro alegórico da Dragões representou a culinária caipira. Com um trem no centro da alegoria, o carro contou com uma grande mesa de guloseimas e com o espantalho, figura característica caipira.
TERCEIRO SETOR
Na sequência, os caminhos que a música seguiu e como ela deixou de ser raiz para se tornar caipira foram contados no desfile da Dragões. As influências em festas como a Folia de Reis, a descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida que rendeu um dos grandes sucessos da música caipira e as festas juninas também foram retratados no desfile da Dragões. Finalizando o setor, um grande santuário foi representado no terceiro carro alegórico da escola. As festas de sincretismo católico, bem como dançarinos de cateretê, estavam presentes na alegoria, que também contou com a presença da Ala das Crianças da agremiação.
QUARTO SETOR
No quarto setor do desfile tricolor, a explosão da música caipira nas paradas de sucesso do Brasil. O sucesso das duplas caipiras que ditaram moda no país e a presença do caipira no teatro e no cinema (com Mazzaropi), além dos grandes números alcançados na indústria fonográfica estiveram presentes nas alas deste setor. Por fim, o quarto carro, juntando todas as mídias em que a música caipira fez e ainda faz sucesso, desde o gramofone à TV.
QUINTO SETOR
Alguns dos grandes sucessos da música caipira e seus artistas foram lembrados no encerramento do desfile da Dragões. A escolha, de acordo com a escola, partiu de uma pesquisa com os componentes da agremiação. “Fuscão Preto”, de Milionário e José Rico; “Majestade, o Sabiá”, de Roberta Miranda; “Boate Azul”, de Bruno e Marrone; além de uma homenagem a Chitãozinho e Xororó, estiveram presentes. Por fim, a quinta alegoria encerrou o desfile da escola, prestando uma homenagem aos artistas que construíram a história da música caipira e fizeram, e ainda fazem, dela um enorme sucesso.