Por Flávio Ismerim
A noite do último sábado (18) foi especial para quem pôde presenciar os ensaios técnicos no Sambódromo do Anhembi. Unidos do Peruche, Camisa Verde e Branco, Nenê de Vila Matilde e Vai-Vai, as quatro escolas de samba mais tradicionais da cidade de São Paulo, desceram a pista numa sequência que não será tão cedo apagada da memória do sambista paulistano.
Nos dias que antecederam ao grande encontro, o comentário geral nas redes sociais girava em torno da expectativa por uma noite de treinos que reuniria 40 títulos da carnaval de São Paulo. As quatro tradicionais hoje não atravessam um bom momento: enquanto o Peruche enfrenta as durezas do Grupo de Acesso 2, as outras três brigam no Grupo de Acesso por duas vagas na elite paulistana. Cenário que em nada reflete a história dessas gigantes.
A cabeleireira Maria Aparecida carrega 25 anos de Saracura e, mesmo assim, se pegou nervosa em uma noite com tantas escolas de peso. Felizmente o público fez jus ao tamanho das escolas e compareceu o Anhembi no último sábado depois de tanta expectativa na internet. “A gente compartilhou bastante o evento do ensaio técnico para chamar o povo. É um show, como se fosse um dia de desfile do Especial”, compara.
Empunhando o estandarte da velha guarda da Unidos do Peruche, Joana D’arc pediu que esse tipo de ensaio se repita todos os anos. “Ainda hoje, é muito emocionante ver a arquibancada cheia para as quatro tradicionais passarem.”
Dona Maria Helena, da Velha Guarda do Camisa Verde e Branco chegou na escola em 1972 e, portanto, esteve com a escola em todos os títulos da comunidade da Barra Funda. Emocionada, a aposentada torce para que as quatro tradicionais voltem ao tempos áureos. “O que aconteceu nesse sábado deveria estar no Grupo Especial, mas eu tenho certeza que duas das tradicionais vão conseguir voltar ao seu lugar esse ano”.
As quatro escolas detém mais da metade dos títulos do carnaval paulistano e trabalham firme para manter viva a tradição da cidade. “Com respeito a todas as co-irmãs, mas a tradição fala um pouco mais alto”, declara Matheus Machado, mestre da Bateria de Bamba, que tem a responsabilidade de conciliar novidades com as características históricas de uma bateria que atravessou duas décadas sem receber uma nota que não fosse a máxima. “Um ensaio como esse é para mostrar para o carnaval de São Paulo que as escolas tradicionais estão de pé e ainda são referência para todo mundo”, afirma.