Por Amanda Cristina,
A escola de samba Morro da Casa Verde, realizou na última semana o seu primeiro workshop de carnaval. O tema do sábado foi sobre a arte do mestre-sala e porta-bandeira. A palestra contou com a participação de Marlon Lamar (primeiro mestre sala da Portela), Ednei Mariano (Mestre em MSPB), José Bonifácio (Preparador de Casais do RJ) e Rodrigo e Marina (Atual primeiro casal da Flor de Liz e eterno casal diamante da Unidos de Vila Maria). A discussão foi calorosa do inicio ao fim, contando com opiniões diversificadas sobre o tema proposto.
Ednei Mariano abriu o debate destacando a importância de um mestre-sala e uma porta-bandeira no contexto histórico em geral. As importantes mudanças que alguns termos tiveram dentro do contexto e o quanto é importante para o casal, entender os quesitos que estão sendo julgados perante a sua apresentação. O mestre também criticou no geral os presidentes que acabam não fornecendo apoio suficiente ao seu casal, algumas vezes por falta de conhecimento e outras por falta de atitude.
“É essencial que o casal explique ao presidente o que está escrito na justificativa da nota, faça o presidente entender, quando a nota for justa e quando a nota for injusta também’’ comentou Ednei.
Para o mestre, é preciso que os presidentes entendam a necessidade e as limitações de seu casal, e siga junto com ele nos objetivos diários. “Já vi presidente tentar tirar alguns quesitos do regulamento, só porque o seu casal não se saiu bem naquilo’’. Ednei também explicou sobre a importância de um jurado melhor preparado. “É preciso que se invista na formação dos jurados, para que o carnaval evolua e que eles entendam o que está se passando na avenida’’. Quando foi questionado sobre na atualidade, estar acontecendo uma espécie de dança engessada, o mestre comentou:
“Se o regulamento pede que você dance engessado, faça a sua parte e não tente plantar bananeiras na avenida’’.
Ao longo do debate o casal diamante Rodrigo e Marina que hoje dançam pela escola de samba Flor de Liz comentaram sobre algumas polêmicas que envolvem os comportamentos dos casais. Marina comentou, por exemplo, sobre a postura que se é exigida das porta-bandeiras e defende isso como algo positivo. Rodrigo e Marina ainda explicaram o quanto é fundamental entre os casais o entrosamento, a postura, o estilo e a criatividade.
José Bonifácio preparador de casais do Rio de Janeiro explicou todo conceito histórico de surgiu um mestre-sala e uma porta-bandeira. Explicou que o primeiro porta estandarte não foi uma mulher e sim um homem, esclareceu que isso na atualidade não seria permitido, e destaca a importância dos casais entenderem tudo sobre a sua história e suas raízes. O preparador ainda relatou sobre a história de Maria Izabel, a primeira porta-estandarte do mundo, e o prestigio que a sua história possui.
O paulista Marlon Lamar, também participou da discussão sobre o tema. O paulista que já teve passagens nas escolas: Príncipe Negro de Tiradentes, Dragões da Real, Império da Casa Verde e entre outras. Hoje atual como 1º mestre-sala da Portela no Rio de Janeiro, e se orgulha muito de sua evolução no carnaval. Marlon apontou em seu discurso o prestigio que o mestre-sala e porta-bandeira deve ter em serem considerados bailarinos. O rapaz, exaltou o quanto é importante que uma arte como esta dança, seja reconhecida e valorizada adequadamente.
Marlon também expressou seu sentimento em relação à disputa que acontece entre os carnavais de São Paulo x Rio de Janeiro: “Hoje as duas cidades, fazem grandes espetáculos. São Paulo evoluiu muito nos últimos anos. ’’ E ainda comentou, que o folião paulistano, deve se orgulhar de seu carnaval e valorizá-lo do jeito que ele acontece. Ele ainda expressou sua opinião sobre os jurados: “Eu acredito que a continuidade dos jurados, contribuiu para a evolução do carnaval. Não sou a favor das trocas de todos os anos.” no fim de seu discurso, Marlon deu um recado para os mestres-salas ali presentes:
“Vocês devem acreditar em vocês! Persistir nos seus objetivos. Onde eu estou agora, vocês um dia também podem estar.”
A agremiação Morro da Casa Verde, acredita que através desses Workshop’s que serão realizados, possam resgatar as raízes do carnaval e compartilhar conhecimento com a sua comunidade e as demais agremiações. Este projeto faz parte da nova diretoria da escola, que contou com a colaborações de alguns componentes da escola envolvidos, como: Diretor de carnaval, diretor social, diretor de harmonia, conselho fiscal, secretária, presidente de honra, tesoureiro, presidente e vice-presidente.