A Dragões da Real apresentou no último sábado (10), o enredo que levará para o Anhembi em 2018, buscando seu primeiro título do grupo Especial do carnaval paulistano. Com o título de Minha Música, Minha Raiz. Abram a Porteira Para Essa Gente Caipira e Feliz, o tema irá abordar a história da música sertaneja.
Confira abaixo a sinopse do enredo:
Minha Música, Minha Raiz. Abram a Porteira Para Essa Gente Caipira e Feliz
Autoria – Comissão de Carnaval Dragões da Real 2018
A origem da explosão musical que leva multidões de pessoas pelos palcos de todo o brasil, já foi vista pejorativamente como música rural, do campo e popularmente como Música Caipira.
Com seu jeito simples de contar e cantar a vida, as modas de viola saíram do campo e festas religiosas e ganharam o mundo. É através da Música Caipira que o homem simples do campo expressa seus sentimentos e conta seus “causos” e histórias.
Hoje a carnaval se rende a esta manifestação musical que ganhou o mundo com suas melodias e letras peculiares, vem cantar e contar, as origens, conquistas e vitorias da Música Caipira.
Primeira Moda de Viola: A Inspiração
Sou fruto de uma linda relação entre a terra e o homem do campo, na busca pela inspiração através da vivência no seu habitat; aos sons que fazem as cordas de uma viola caipira aflorar o maior dos sentimentos de amor as suas raízes.
A terra é pro caipira, além do meio de onde tira seu sustento; a fonte de inspiração para as cordas de sua viola cantarem o sentimento de amor às suas raízes e as prosas do cotidiano na lida.
Antes mesmo de o sol despontar, o galo já canta anunciando um novo raiar cheio de esperança. Da terra há de brotar suas raízes ao som de sinfonia de pardais e sabiás à sombra de um jequitibá.
O som da roda de carreta rangendo, e a enxada batendo para a terra carpir ou arar, ditam o ritmo. O relinchar de um cavalo, o ranger da porteira que se abre ao ver um menino, levam este homem caipira a inspirar-se a compor muitos versos que a história eternizou. Mas, tem muita prosa para falar, tem som de grilo, zunido de abelha e até o som da moenda de cana fazem este mundo ganhar vida, pois para o Caipira extrair o som da natureza e transformar em música é tão natural como lidar com a terra. Música é vida para o Caipira.
Segunda Moda de Viola: O Cotidiano
Do cotidiano vem os versos que ilustram as minhas mais belas formas, são poesias formadas através do olhar d’aquele que vive a lida caipira todo dia, luta pelo seu sustento e vive de modo simples. São caipiras caboclos mestiços e brancos, e até mesmo os colonizadores brancos que nessas terras chegaram se encantaram pela minha inspiração e começaram a compor a diversidade de tudo que viam e/ou viviam.
É na plantação que o homem vive suas experiências, no café, no algodão, soja, trigo e no milharal, com seus espantalhos de retalhos xadrez e cabelo de palha, onde cultivam os grãos que brotam da terra e alimentam as mesas daqueles que muitos cantam por amor.
Encontro me na rotina bucólica de forma romântica e, poetizada. Encantando pelos sabores e temperos de uma velha mãe negra que espera a todos com seu fogão a lenha cheio de amor e ternura, num café passado na chaleira, num delicioso bolo de fubá, na pamonha, ou num tenro leitão à pururuca, arroz tropeiro, vaca atolada, frango caipira. É no tempero do seu feijão que vem a doce recordação de minhas modas que descrevem essa farta culinária.
Terceira Moda de Viola: A Cultura
Com o passar do tempo ganhei fama, me tornei Música Caipira através da indústria fonográfica. A maior influência veio através das cantigas litúrgicas do catolicismo popular, foi através do povo simples em seus festejos muitas vezes religiosos que fui entoada pelas violas nas festas do Divino Espirito Santo, nas Folias de Reis onde passo em todas as casas da região anunciando a chegada do Menino Jesus.
Fui cantoria de mãe preta e preto velho através das histórias dos caboclos caipiras, e foi através das mãos de pescadores ao encontrar Nossa Mãe Aparecida que me tornei tão conhecida por este povo de fé que onde estiver tem uma moda para cantar. Fui embalada pela dança rustica dos caipiras em sua catira e cateretê, também tem o cururu que originou uma das festas mais tradicionais deste rincão, a festa de Santa Cruz, a mais caipira das festas rurais de São Paulo. Sou dançada em quadrilhas nos festejos juninos, me tornei cultura de um povo que mesmo sofrido não perde alegria e a essência da sua origem.
Quarta Moda de Viola: A moda Caipira
Sou o brega que virou chique, no início éramos vistos com desdém e até com certo preconceito, era música do campo e rural, meu cantar se difundiu e assim me tornei sucesso pelas rádios do meu Brasil, cruzei fronteiras, ultrapassei números, as duplas Caipiras ganharam a cena Nacional, até o estilo de se vestir se tornou moda com chapéus tapeados, calças justas e camisa xadrez.
E contando “causos”, o cotidiano desta lida caipira em meio a acordes ganhou a TV, Cinema e as estradas. Quem diria que as porteiras deste mundão “véio” iriam se abrir desta forma para mim.
As comitivas me levaram a cada canto deste mundo divulgando essa nova era de cantoria, e com isso, a moda de raiz ganhou o mercado com seus violeiros relatando a bucolidade da vida no campo.
Quinta Moda de Viola: O mundão sem porteiras
Nunca imaginei que chegaria até aqui, que a inspiração com os sons que brotam da vida cotidiana do homem caipira daria frutos tão maravilhosos. Me emociono ao lembrar das violas que me tocaram, dos violeiros que as carregaram e principalmente dos poetas que me eternizaram na história. É “Baum” demais ver que a música caipira se propagou pelo mundão, através de novos estilos em torno dos Palcos mais tecnológicos e suntuosos. Hoje os “causos” cantados são outros, é bem verdade, mas algumas músicas, cantadores, violeiros sempre vou carregar dentro do meu coração.
Abram as porteiras do Anhembi, pode tocar o berrante, matar a tristeza com a viola bem abraçada ao seu coração, porque vai passar na passarela a comitiva da Dragões da Real, a escola mais Caipira e Feliz do Carnaval.