A internet é uma das ferramentas mais poderosas do mundo. E graças a ela, o carnaval não deixou de ser a festa em que tínhamos notícias apenas nos quatro dias que ela acontece. Diversos sites, como a SASP, Galeria do Samba e Site Carnavalesco, entre outros, lutam para levar diariamente tudo o que acontece no universo das escolas de samba, fazendo com que cada vez mais pessoas se aproximem da maior festa popular do mundo.
Porém não são somente os veículos do notícias que fazem esse trabalho, as redes sociais deram a oportunidade para que inúmeras comunidades e grupos de discussão surgissem, dando mais espaços para que os apaixonados pelo carnaval, possam debater o tema o ano todo. Algumas criaram fama, tendo milhares de seguidores e membros, como por exemplo o Júri Imparcial do Orkut – JIO, grupo que conta atualmente com mais de 10 mil membros, somando grupo e fan page. Outro também que faz bastante sucesso é a famosa página Sambistas da Depressão, considerada a maior fanpage sobre carnaval no Facebook, chegando a incrível marca 140 mil seguidores, e que usa o humor para falar sobre os carnavais carioca e paulista.
A reportagem da SASP conversou com dois representantes das páginas citadas, para contar como é esse trabalho desenvolvido nas redes sociais. O responsável pelo JIO desde 2011, é João Salles Neto, que nos falou com o grupo surgiu. “O JIO foi criado em 22 de setembro de 2007, surgindo no extinto Orkut, pelas mãos de Roberto Rener. A comunidade, (era assim que se chamava no Orkut esses atuais grupos do Facebook), voltada ao mundo do samba, do carnaval, era um meio de interação entre os amantes da festa de momo, bem como local de debates, troca de informações, jogos interativos… Mas, como o próprio nome já retrata, o point do JIO era o júri organizado todo ano pela equipe de moderação, com a participação dos membros da comunidade para avaliar os desfiles, uma forma de brincadeira e comparativo com os júris oficiais dos desfiles”.
O começo da famosa página Sambistas da Depressão foi um pouco diferente, pois segundo os dos administradores, que não terá a identidade revelada, a ideia era brincar com as coisas de Carnaval de maneira específica, pegando os moldes de outras páginas de humor, até encontrar nosso formato próprio. Assim a página foi se popularizando, ganhando cada vez mais seguidores. Um dos responsáveis também explicou como é feito o trabalho durante todo o ano, apenas para falar de carnaval.
“É difícil, porque ao crescer, ganhamos a responsabilidade de manter o Carnaval em evidência e a página também. É complicado se manter atual sem ficar repetitivo e sem cair na mesmice, e mais complicado ainda falar de Carnaval entre Abril e Junho que nada tem, por exemplo”, contou o criador de figuras emblemáticas do humo, como a Sinhá do Salgueiro, o apelido carinhoso que Regina Celi, presidente da Acadêmicos do Salgueiro, ganhou na fan page.
Com um foco diferente do humor, a JIO também tem um cronograma de pautas bem complexo para que aqueles 4 dias de desfile dure o ano todo. “Quando o carnaval passa que começa aquela depressão pós carnaval, nossa equipe de moderadores inicia quadros e enquetes para nossos quase 10 mil membros, como por exemplo enquetes para darem notas aos casais, abre-alas, alegorias, comissões de frente de todos os Grupos do carnaval de São Paulo e do Rio de Janeiro, enquetes para elegerem a seleção do carnaval (presidente, carnavalesco, interprete, diretor de harmonia, diretor de carnaval, mestre-sala, porta-bandeira, diretor de bateria, rainha de bateria e coreógrafo) dos grupos Especial de SP e do RJ do ano que passou”, explicou João Salles.
O árduo trabalho é recompensado pelo reconhecimento do público, que diariamente curtem, comentam e compartilham os acontecimentos das páginas. Mas nem sempre foi assim, os administradores do Sambistas da Depressão sofreram com a rejeição do público assim que a página foi criada, pois achavam que ofensivos. “Aos poucos fomos provando que não brincávamos se as pessoas não gostassem e que nosso princípio fundamental era o respeito pelas agremiações, brincamos com fatos que ocorrem e não com as agremiações, o respeito é fundamental. Hoje em dia, algumas agremiações mandam até fotos que podem virar memes e ideias de projetos, eles entenderam que nosso objetivo era dar visibilidade a coisa e manter o Carnaval o ano todo”.
Infelizmente o reconhecimento popular ainda é pouco não é o suficiente para o surgimento de apoios nas páginas. João contou que o JIO se mantem por conta da vontade da equipe de moderadores (João Salles, Caio Souza, Luiz Henrique, Carlos Eduardo, Gustavo Pavilhão, Gustavo Tijucano, Alex Ricardo, Hyder Oliveira e Pedro Carmo) e por doações, quando necessitam de algo. A história é parecida com o Sambistas da Depressão, que ainda brincou com a situação. “O único apoio que temos é o apoio de costas da minha cadeira e meu porta-copos, além da coragem de deixar de ir pra Sapucaí, só pra cobrir os eventos em tempo real”, finalizou.