Hoje chegamos ao fim do pior ano de nossas vidas. Não há como tentar minimizar essa triste realidade, não podemos buscar um lado bom, pois não tivemos nada de bom para comemorar.
E pensar que nossa alegria acabou naquele 26 de fevereiro, quarta de cinzas, quando o mundo fantástico do carnaval se desfez e voltamos para a realidade. Porém, ninguém espera que essa realidade fosse tão dura conosco, nos trazendo um mundo de incertezas.
A pandemia nos tirou muitas coisas nesse ano: encontros, abraços, sorrisos, carinhos, festas, aglomerações, sambas, paixões e principalmente, amigos. Quantas pessoas perderam suas vidas por conta desse maldito vírus? Até hoje, dia 31, quase 195 mil pessoas, somente no Brasil. São pais, mães, maridos, esposas, filhos, avós, tios e amigos que estarão fazendo muita falta na mesa de alguém nesta noite.
Mesmo com esse número alarmante, ainda vemos que parte da população não está dando a atenção devida para esse vírus, o menosprezando. Assim como nosso governo, que durante esse tempo não tratou o problema com a seriedade necessária, assim, fazendo com que os brasileiros ficassem a mercê da sorte. Diversos países já estão vacinando seus cidadãos neste momento e nós aqui, na aflição de saber que não temos nem as seringas necessárias para a campanha de imunização.
A ideia desse texto, seria fazer um balanço do ano carnavalesco, mas infelizmente fomos diretamente impactados. O carnaval foi considerado por muitos, como o grande propagador da doença no Brasil, o que não é verdade, como já foi mostrado ao longo do ano. Vale lembrar que uma das primeiras mortes causadas pela covid-19 no Brasil, foi de uma empregada doméstica de 63 anos, negra, que foi infectada pelos seus patrões, após eles passarem férias na Itália… E isso diz muita coisa!
Fora essa culpa, o nosso universo, assim como todo o setor cultural, foi afetado pela falta de eventos. Porém as escolas fizeram seu papel, ajudando suas comunidades, mostrando mais uma vez como as escolas de samba são essenciais em nossa sociedade. O desfile de Carnaval é apenas um dos trabalhos dentro das agremiações.
Torcemos que hoje chegue ao fim essa quarta de cinzas longa e dolorosa e que 2021 seja o ano da cura, não somente da covid 19, mas outras doenças espalhadas pela sociedade, como o racismo, intolerância, discriminação e tantos outros males que nos corrói.