Mergulhando na história, mais precisamente na revolução francesa, a Império de Casa Verde, a terceira escola da noite de sábado, exaltou o povo em seu desfile com o enredo O Povo: A Nobreza Real, idealizado pelo carnavalesco Jorge Freitas. Em uma apresentação muito luxuosa e cheio de detalhes, a escola se credenciou como uma das favoritas ao título de 2018.
O primeiro destaque foi logo na comissão de frente, que representava a nobreza e a miséria francesa ao mesmo tempo, já que parte de seus componentes usavam trajes dupla face, que era trocada conforme o momento da apresentação. O primeiro casal da entidade, Jéssica e Rodrigo, teve uma atuação perfeita, com sincronismo nos movimentos durante todo o desfile.
A estética da escola foi o ponto alto do desfile, com fantasias e alegorias com extremo requinte. As grandes alegorias serviam como palco para diversas encenações, com destaque para o carro abre-alas, que representou a nobreza real. Já as alas, tinham muita interatividade com o público, já que faziam alusão entre a história contada no enredo e o atual momento político do Brasil.
O canto da escola também foi destaque, dando suporte ao intérprete Carlos Júnior, que brincou e levantou as arquibancadas com sua interpretação, juntamente com a bateria Barcelona do Samba, de mestre Robson Zoinho, que manteve durante os 61 minutos de desfile da Império o andamento proposto.
No final do desfile, Jorge Freitas falou sobre “O desfile foi movido pela emoção! Nossa proposta era fazer um musical, exaltando o povo, contrastando o luxo e miséria, Vivemos em uma sociedade onde poucos têm muito e muitos têm pouco, por isso esse enredo tem tanta força e identificação com o público. Estou muito feliz com esse trabalho apresentado e o resultado agora é consequência, porém a sensação é dever cumprido”, finalizou.
PRIMEIRO SETOR
Dividido em quatro setores, o desfile da Império de Casa Verde teve início com os fictícios reinos das regalias e dos miseráveis, com uma comissão de frente bastante irreverente, comandada pelo coreógrafo André Almeida. A riqueza e o poder dos mais ricos e membros da Corte Real em detrimento dos mais pobres foi mostrada logo nos primeiros minutos do Tigre Guerreiro da Zona Norte na Avenida.
Inspirado no contraste da vida cotidiana entre os nobres e os pobres, o primeiro setor dedicou-se a mostrar as conhecidas injustiças sociais sofridas pelo povo, vítima da ganância e do poder da nobreza. Inseridos nesse contraste, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Rodrigo e Jéssica Gioz, representaram na Avenida o povo e a nobreza em contato. Por fim, o abre-alas da agremiação apresentou o reino das regalias em uma gigantesca alegoria, apresentando a concepção plástica de um grande baile que revela a soberania e o poder da Nobreza.
SEGUNDO SETOR
O segundo setor do desfile da Azul e Branca apresentou um tributo ao povo. As dificuldades convividas pela população mais desfavorecida financeiramente como a fome, as doenças, a miséria dos maltrapilhos. Com a concepção de exibir uma “Burguesia de Farrapos”, que diante de tantas humilhações, insurge à manifestação popular, a Império encerrou o segundo trecho do seu desfile com mais uma bela alegoria. Inspirada no contraste da vida cotidiana de ricos e pobres, foram exibidos na alegoria dois banquetes: o luxuoso da nobreza e o de migalhas da pobreza.
TERCEIRO SETOR
O conflito entre o povo completamente insatisfeito e a nobreza corrupta foi o foco do terceiro setor do desfile da escola da Casa Verde. O confisco dos baús da riqueza por parte dos miseráveis e o povo tomando o poder, erguendo a bandeira da vitória ao tremular de um sonho na “Bastilha Monumental”. A penúltima alegoria da agremiação representou a força e a coragem do povo. Destaque para a escultura central e gigantesca de um elefante para representar a queda da Bastilha e a conquista desse mesmo povo, que com tremular das suas bandeiras comemoram a vitória.
QUARTO SETOR
Na luta contra os corruptos e opressores da nobreza, o povo celebrou sua vitória no último setor do desfile da Império. Em estado de alegria, palhaços, arlequins e mascarados foliões comemoraram no último setor, que foi encerrado com a última e também muito bonita alegoria. O Tigre, símbolo da agremiação, encerrou o desfile da escola, em mais um belo trabalho de estético de Jorge Freitas.