Após 15 anos longe do Grupo Especial, a Barroca Zona Sul abriu os desfiles da noite de Sexta Feira do carnaval de São Paulo. A Faculdade do Samba apresentou um forte canto, com a ala musical comandada Pixulé sendo o grande destaque do desfile. O chão da Barroca se fez presente, conduzindo a escola a um belo desfile, voltando de forma positiva ao principal grupo do nosso carnaval.
Com fantasias e alegorias com um bom acabamento, a Barroca demonstrou um conjunto visual correto, mas sem grandiosidade. A bateria Tudo Nosso, conduzida pelos mestres Acerola e Fernando Negrão, veio com um andamento de 146, conduzindo o ritmo do desfile da Barroca.
A Verde e Rosa passou bem em sua volta ao Grupo Especial, mas precisou apertar o passo nos momentos finais de sua apresentação, finalizando o desfile em cravados 65 minutos. Confira abaixo o setor a setOR:
PRIMEIRO SETOR
O desfile do Barroca Zona Sul se iniciou com o nascimento de Tereza, representada pela comissão de frente da escola, coreografada por Alê Batista e Thais Seixas. Obatalá, criador do reino espiritual habitado pelos orixás, ao ver a indignação de seu povo aumentar a cada chicote em que açoitava a pele negra, convoca cinco Yabás que trariam uma luz à humanidade. Luz que demonstrava resistência e tolerância em forma humana. Oxum, Yansã, Nanã, Yemanjá e Ewá constituíram “A luz que vem do céu” e lhe deram o nome de Tereza, representando ali, a liberdade de um povo.
Na sequência, a primeira alegoria do Barroca representa Benguela, local de origem de Tereza. O elemento alegórico traz a representação de toda a tristeza e sofrimento do local no início do Século XVIII, devido às invasões e captura de negros e negras para mão de obra escrava, sendo conduzidas para a América como objetos de trocas e servis. Na complementação do setor inicial, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, composto por Igor Sena e Lenita Magrini, que desfilam pela primeira vez juntos vieram representando Oxóssi e a Rainha Tereza.
SEGUNDO SETOR
A Bateria dos mestres Acerola de Angola e Fernando Negão, abriu o setor secundário da escola. A “Tudo Nosso” veio com uma fantasia representando o som, a fé e a coragem negra na floresta. O segundo setor da escola verde e rosa trouxe para a avenida a chegada de Tereza ao seu destino: o Mato Grosso. As alas e alegorias do setor, revelou o sentimento deplorável da forma em que Tereza chegava ao local – como escrava e trazida pelos colonizadores em expedições em busca de mineração de ouro. Apesar da situação, Tereza se encantou pelo local, fazendo dali o seu principal local de luta, preservação e refúgio. Protegendo a fauna e flora, junto ao ouro, principal objeto de desejo de seus colonizadores.
TERCEIRO SETOR
O desenrolar do desfile do Barroca chegou ao terceiro setor, que contou a história do quilombo Quariterê. Tereza ao fugir ao lado de seu marido, José Piolho, fundou o quilombo, uma verdadeira aldeia de resistência. As alas do setor retratam que o quilombo não serviu de abrigo apenas para negros, e sim para índios, caboclos e mestiços, que sofriam com a ambição do invasor. A escola mostrou em elementos visuais, o dia a dia do quilombo, com carroças de madeira, plantações de cana de açúcar e a utilização da palha.
QUARTO SETOR
No penúltimo setor de desfile do Barroca, a escola representou o contra-ataque dos invasores perante a resistência firmada por Tereza. No setor esteve presente a representação de destruição do quilombo Quariterê e o sonho de liberdade se distanciando das mãos de Tereza. Mostrou a região de Guaporé, em que se localizava o quilombo, e o bruto extermínio feito no povo local.
QUINTO SETOR
Finalizando o desfile que marcou o retorno do Barroca ao Grupo Especial após 15 anos, o quinto e último setor da escola trouxe a morte de Tereza e a representação do legado que foi deixado. As alas demonstraram a força feminina e o poder da mulher negra em resistir, exaltando a negritude de uma mulher como o maior patrimônio de uma luta e revelando a importância da batalha contra a opressão, a intolerância e o preconceito. Por fim, a quinta alegoria da escola trouxe elementos representativos desta luta, fazendo jus a homenagem à Tereza de Benguela.