Já sob a luz do amanhecer de sábado (22), o Império de Casa Verde entrou na passarela do Anhembi com a missão de exaltar o Líbano e a comunidade libanesa no Brasil. Trazendo um imponente carro abre-alas, a escola da zona norte paulistana ressaltou no começo do desfile a importância do mar Mediterrâneo para o país do Oriente Médio com alas detalhadas na cor azul e com acabamento refinado.
Apostando nos painéis de LED para compor os efeitos visuais das alegorias, a agremiação não perdeu a beleza mesmo tendo que desfilar inteiramente sob a claridade – um problema na dispersão da Dragões da Real acabou por atrasar todos os desfiles em cerca de uma hora.
Passando pelo sambódromo em 62 minutos, o Império defendeu seu enredo “Marhaba Lubnãn” (“Olá Líbano”, em árabe) com uma boa evolução e harmonia, mostrando que pode brigar pelas posições de cima do Carnaval 2020. O destaque fica para a bateria, que comandou o desfile até o final, momento em que a chuva deu seus primeiros sinais na passarela do samba.
PRIMEIRO SETOR
Com a proposta de homenagear o Líbano e sua gente, a Império de Casa Verde adentrou a avenida levando os principais elementos representativos das águas místicas do mar Mediterrâneo, que banham o país do Oriente e alimentam a história de uma nação milenar. Na comissão de frente, guardiões vieram trajados com figurinos inspirados nas fases da história do Líbano, representando fenícios – a primeira civilização a habitar a região libanesa –, Amoritas, Assírios, Otomanos e, por fim, a Raiz Libanesa – figura Materna que carrega o sopro da vida.
A ideia da abertura foi ressaltar a importância da ancestralidade e o legado de uma nação. A ala com as baianas se apresentou personificando as “Senhoras das Águas do Mediterrâneo” e o carro abre-alas teve a missão de representar a porta de entrada do Líbano, o mar Mediterrâneo.
SEGUNDO SETOR
Na sequência, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira veio com figurinos inspirados nas vestimentas de reis – como símbolo da realeza –, e atuando como a personificação dos deuses da riqueza El e Asherah. As crenças e a religiosidade libanesa, com expressões espirituais e divindades, foram a temática do setor, que versou sobre as origens do cosmo e da humanidade e os papéis do divino como sustento. “Baal Haddad, o Senhor das Tempestades”, “Shapash, a Deusa do Sol”, Yarikh, o Deus da Lua” e “Ashtart, a Deusa da Natureza e da Fertilidade” foram algumas das personas trazidas pelo Império para o desfile. A segunda alegoria simbolizou os fenícios, um pouco da sua cultura e mitologia, e trouxe a reconstrução do Templo do Deus Baal e a homenagem ao que a cidade de Baalbek representa para o Líbano.
TERCEIRO SETOR
Glórias e conquistas do Líbano foram trazidas no terceiro setor com a distribuição nas alas da confluência dos povos que protagonizaram conflitos na região – principalmente egípcios, assírios, babilônios, persas e macedônios. Ao todo vinte e duas civilizações fincaram raízes em terras libanesas e auxiliaram na construção da história da nação, fator que a agremiação exaltou no Anhembi. Fechando a seção, cavalos, cavaleiros, escudos, brasões, flâmulas e estandartes, além de um castelo de pedras no carro alegórico número três, representaram o Castelo de Beaufort, localizado no sul do Líbano e o simbolismo do período medieval e da era das Cruzadas.
QUARTO SETOR
A magia e o fascínio do país do Oriente Médio vieram no quarto setor do desfile do Império de Casa Verde. Trazendo nas alas a lenda da Fênix, o alfabeto fenício, a cor púrpura, o arak e o vinho, assim como referências as iguarias libanesas, a escola promoveu uma síntese da herança cultural do povo libanês ao mundo. Na alegoria, a recriação do grande mercado conhecido como Suk – o mais antigo do país, que vende desde prataria, ourivesaria, artefatos de vidro, especiarias, vestuário, tecidos, tapeçaria, a até mesmo produtos importados de outros países do mundo.
QUINTO SETOR
Finalizando a passagem pela pista, a agremiação buscou traçar uma conexão entre o Líbano e o Brasil – este último que abriga atualmente a maior comunidade libanesa do mundo. Imigrantes, mascates, dabke e odaliscas foram os elementos representativos trazidos pelo Império para o último setor. Além disso, a quinta e última alegoria reproduziu de forma lúdica e estilizada, a embarcação que levou D. Pedro II – considerado pai da imigração libanesa para terras brasileiras – para o Oriente.