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Júlio Poloni, novo carnavalesco dos Gaviões, conta sua história e fala sobre enredo 2023 da Fiel Torcida

O carnaval 2023, marcará a estreia de Júlio Poloni como carnavalesco da Gaviões da Fiel Torcida, escola quatro vezes campeã do grupo Especial. Ele dividirá os trabalho com o carnavalesco André Marins e o principal desafio da dupla, é trazer um título para Fiel Torcida, já que o último campeonato da escola completa 20 anos em 2023.

A reportagem da SASP bateu um papo com Júlio, que é jornalista de formação e um apaixonado pelo carnaval desde a infância, quando assistiu os desfiles na casa de sua avó, em 2001, aos oito anos de idade. “Foi quando eu bati o olho, pela primeira vez, despretensiosamente, naquilo que chamamos de desfiles de escolas de samba. Foi amor à primeira vista. Dali em diante nunca mais perdi um desfile e passei a buscar informações a respeito das escolas de samba nas fontes de que dispunha naquela época pré-internet popular. Buscava notícias em jornais e revistas e tudo que era relacionado ao Carnaval, recortava e guardava. Um pouco mais adiante, chegou a SASP na minha vida. Aí passei a acompanhar o processo dos desfiles das escolas de samba ainda mais assiduamente, conhecendo as informações históricas das agremiações, os profissionais envolvidos e conseguindo acompanhar as escolhas de enredo e as eliminatórias de samba. Eu já era apaixonado pelo carnaval”, explicou.

Essa paixão, fez com Poloni passasse a escrever enredos como hobby, isso aos 12 anos de idade. Na adolescência, ele passou a frequentar as quadras das escolas de samba, até que em 2010, veio o convite do carnavalesco Zilkson Reis, para participar do desenvolvimento do desfile da Gaviões da Fiel. “Ele conhecia minha paixão pelo carnaval e pela arte de desenvolver enredos, eu ajudei no processo de criação do enredo da Gaviões sobre Dubai. Foi a experiência mais incrível do mundo! De repente profissionais de verdade estavam achando que o menino que fazia enredo de brincadeira poderia colaborar com o processo de criação de um carnaval de verdade. Quem também desenvolveu esse enredo foi o carnavalesco Igor Carneiro, à época diretor de carnaval. Acabou que a Gaviões foi a única escola nota máxima em enredo naquele ano. Um belíssimo desfile, por sinal. No ano seguinte, eu até comecei a desenvolver o enredo sobre o presidente Lula junto ao Igor, mas a vida acabou me levando para outros rumos. Me mudei para Brasília, onde me formei em jornalismo e em gestão pública e comecei a atuar nessas áreas. Até que em 2019 voltei para São Paulo e voltei a atuar no carnaval, desenvolvendo enredos para o Zilkson na Nenê e na Reino Unido da Liberdade, de Manaus, onde fomos campeões e vices. No ano seguinte colaborei com o Igor no desenvolvimento do “Arapuca Tupi” da X9 Paulistana. E em 2022 voltei à minha raiz, Gaviões da Fiel, junto do Zilkson, para desenvolver o “Basta!”. Após o trabalho neste ano, a escola me deu a oportunidade de continuar defendendo o pavilhão, agora como carnavalesco. Acho que esta resposta é a sinopse da minha história no carnaval até aqui”.

Para o profissional, um dos grandes desafios desse novo trabalho, é resgatar a grandeza dos Gaviões da Fiel. “Uma agremiação dessa proporção estar há mais de 10 anos fora do desfile das campeãs é uma situação atípica. E é nítido no rosto de cada componente, cada profissional, cada diretor a vontade e o empenho em colocar a Gaviões de volta no circuito das campeãs. Então, somando todos esses fatores, a ocasião se torna ainda mais especial e desafiadora. Mas tudo isso são coisas que me motivam e me movem na busca do resultado, não me paralisam ou amedrontam. Corinthians é isso. Gaviões não podia ser diferente. E poder vivenciar e entender isso é maravilhoso”.

Em 2023, a Fiel Torcida levará para o Anhembi o enredo Em nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém, que focará no amor e no respeito propagados pelas religiões e fazendo um alerta contra a intolerância religiosa. Segundo Júlio, esse tema já havia sido idealizado por André Marins, mas ainda não estava totalmente formulado. Assim ambos passaram a escrever o enredo juntos. “Foram dias e dias de viagem, juntos, quebrando o pau – no bom sentido – para conseguirmos chegar numa construção lógica, coerente e absolutamente impactante. O resultado é que os dois ficaram arrepiados com a construção e levamos a proposta para a diretoria com toda a convicção de que se trata de um projeto grandioso e especial”. Julio complementa dizendo que:  “É um enredo visceral, que mexe com inquietações e desejos que se encontram nos corações da maior parte das pessoas, ainda mais no atual momento que vivemos. Em suma, vamos levar para a avenida uma mensagem direta de Deus para as pessoas. A mensagem diz que é chegada a hora de abrirmos nossos olhos e nossas mentes para um novo tempo, abandonando nossos preconceitos e passando a enxergar Deus para além do “velho barbudo que reside no trono celestial”. Ele se revela de muitas formas, tem muitas faces, atende por muitos nomes; mas sempre está do lado do amor e daqueles que promovem a paz, a justiça, a igualdade, a empatia e o respeito. Esse enredo é uma poesia em contraponto ao grito daqueles que acreditam ter delegação de Deus para promover a guerra e a segregação”.

Por fim, Júlio mandou um recado para toda comunidade dos Gaviões e para os apaixonados pelo carnaval paulistano. “O torcedor pode esperar um desfile impactante, surpreendente, fora da caixa, inovador, bonito e emocionante, com toda a força e a vibração que emanam de um grito sincero. Esse é o maior ponto positivo de se cantar um enredo que de fato habita o coração e o imaginário popular. Nós cantaremos a nossa verdade! E é assim que a força dos Gaviões se fará ainda mais arrebatadora nesse carnaval”.

Botequim da SASP