Em 20 de novembro de 1695 morria na Serra dos Irmãos, em Alagoas, Zumbi dos Palmares, que sucumbiu lutando pela liberdade dos escravos negros. 308 anos depois de sua morte, em 2003, o governo Federal passou a reconhecer a data como o Dia da Consciência Negra, que é dedicada para celebrar a memória, a cultura e a ancestralidade dos negros, além de servir como uma reflexão do papel da comunidade negra na sociedade brasileira. Em diversos lugares do Brasil, eventos são realizados para celebrar o data e discutir o papel do negro em nossa sociedade. Porém, no universo carnavalesco de São Paulo, a data passou batida por praticamente todas as agremiações, com exceção da atual campeã do grupo Especial, Mancha Verde.
A escola foi a única a realizar um evento específico para a celebrar a data, inclusive inaugurando um espaço de convivência chamado “A Eterna Herança de Zumbi. Salve a Princesa, Viva o Povo Negro“.
Infelizmente essa foi a única ação de fato feita pelas agremiações de São Paulo, pensando exclusivamente na data de hoje e sua relevância histórica. Se alguém ainda não sabe ou porventura tenha se esquecido, as escolas de samba são oriundas das raizes africanas, criada por descendentes de pessoas trazidas para serem escravizadas no continente americano. Por esse contexto histórico, hoje seria um dia em que TODAS as entidades deveriam estar com seus portões abertos, promovendo debates e outras ações relacionadas à cultura negra.
Vale lembrar que todos os anos, muitas agremiações apostam em enredos afros para seus respectivos desfiles, mas não aproveitam a oportunidade de uma data como hoje para debater de fato o problema do racismo no Brasil. Esse é um tema fundamental e que precisa ser debatido dentro das escolas de samba. Esse é um trabalho que tem que ser feito o ano todo, pois para muitos, a quadra de uma escola de samba é o único ponto de cultura acessível.
A SASP parabeniza a Mancha Verde por entender a importância da data e do tema, sendo a única agremiação que usou o Dia da Consciência Negra para abrir sua quadra e debater sobre a questão do negro no Brasil com sua comunidade. É triste é pensar que no Halloween, uma data do calendário norte-americano, boa parte das agremiações aproveitou a data para realizar eventos com esse tema.