“Bate no peito e diz…’’, um grito bem conhecido no carnaval de São Paulo e que marca qualquer esquenta antes de entrar na passarela do samba. A equipe da SASP conversou em exclusividade com Daniel Collete, intérprete da Pérola Negra, contou toda a sua história no mundo samba e quais foram seus principais carnavais.
Daniel Collete, nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua trajetória no universo do samba no ano de 1977, quando começou na tradicional escola de samba do Rio de Janeiro, Beija-Flor de Nilópolis. Daniel, foi passista, ritmista e diretor de bateria da agremiação até o ano de 1995. Após defender o pavilhão da escola de Nilópolis,no ano de 1997, Daniel teve uma passagem rápida pela escola de samba Grande Rio onde permanece até o ano de 1999.
A paixão pela Beija-Flor sempre foi tão grande, que no ano de 2000, já após a sua saída da agremiação, Daniel realizou seu casamento na quadra da escola, com direito a festa e cerimônia religiosa.
Sua trajetória no carnaval de São Paulo se iniciou em 1997, quando foi convidado pelo Mestre Adamastor a ser diretor de bateria da X-9 Paulistana e depois, migrou para outros setores da agremiação como Harmonia e quando foi convidado pelo Royce do Cavaco á integrar o carro de som da escola.
Antes de iniciar sua carreira como cantor na passarela paulistana, Daniel comenta que não queria ser visto em São Paulo apenas como “aquele intérprete carioca”, ele resolve modificar sua roupa e daí surge o seu apelido. “Fiz uma viagem para Israel e lá tinha uns coletes que eu achei interessantes, daí comprei um e quando cheguei no Brasil pedi que fossem feitos vários naquele modelo. O apelido surgiu do Adamastor, que me encontrava sempre de Colete e começou a dizer, que eu dormia de colete e vivia de colete. Anos se passaram e quando eu fui pra Mocidade Alegre, meu parceiro Fábio Bonfim já chegou dizendo, olha ele chama Daniel Collete, e até a minha pasta do Mocidade estava com o nome Collete’’.
A primeira escola onde Daniel iniciou sua carreira como Intérprete, foi a escola de samba Flor de Vila Dalila, que além de dar o start na carreira do cantor, serviu também como grande palco para o intérprete ser visto e avaliado positivamente. Em 2000, além de integrar o carro de som da agremiação da Zona Leste, Daniel é anunciado como novo intérprete da Mocidade Alegre, onde viveu grandes emoções. O cantor conta para a SASP um dos momentos mais emocionantes na agremiação: “Os ensaios na Mocidade eram de domingo, e na quinta-feira eu realizei a composição de uma música e cantei neste último ensaio antes do carnaval, a imagem da comunidade abraçada cantando a música, foi emocionante demais”.
Naquele ano, a agremiação do bairro do Limão entrou no Anhembi com o relógio já marcando 4 minutos, Collete explica que isso foi conversado com a direção de harmonia da escola, pois ele precisava desse tempo para fazer a diferença no desfile da Morada do Samba.
Além da conquista de dois títulos para a agremiação, Daniel conquistou o Troféu Nota 10, como melhor intérprete no mesmo ano de 2007.
No ano de 2008, Daniel retorna a X-9 Paulistana como Intérprete Oficial e permanece até o carnaval de 2010. No ano de 2011, o cantor assume o desafio de comandar o carro de som da escola de samba Dragões da Real, onde na visão do Intérprete foi uma das maiores aventuras já assumidas na sua carreira. Daniel, ainda comenta uma curiosidade, que foi nos anos de 2004 á 2005 que assumiu o microfone da Dragões, porém na UESP e não imaginou que retomaria o posto de Intérprete novamente em 2011 da escola da Vila Anastácio.
O cantor permaneceu na Dragões da Real até o carnaval de 2016, quando no próximo ano assumiu o microfone da Leão da zona leste, como é conhecida a tradicional escola de samba Leandro de Itaquera.
Para o carnaval do próximo ano, Daniel foi contratado pela escola de samba Pérola Negra como Intérprete Oficial, junto com um conjunto de mudanças que a agremiação vem realizando. Collete foi questionado pela SASP sobre a sua trajetória ser marcada por escolas que foram crescendo no carnaval e conquistaram seus anos de glória, se essa história pode se repetir com a agremiação Pérola Negra, que hoje passa por um momento delicado no acesso. “Sempre digo que Deus é muito bom para mim, me dá mais uma vez a oportunidade de desempenhar um novo e bom trabalho junto a uma bela comunidade que tem vontade de vencer e descobrir tal caminho. Foi assim na Mocidade, na Dragões e com certeza todos juntos, não será diferente no Pérola Negra. Desafios existem, e eu costumo abraça-los como uma oportunidade!”
A escola de samba Pérola Negra é a penúltima escola a desfilar no domingo, pelo grupo de Acesso, com o enredo Numa viagem arretada por terras nordestinas, a Jóia Rara do Samba embarca no Trem do Forró rumo ao maior São João do Mundo: Campina Grande.
Por Amanda Cristina