O mundo do samba perdeu na noite desse domingo, 30, uma de suas vozes mais bonita. Morreu em Niterói, aos 79 anos, o cantor e compositor Dominguinhos do Estácio, vítima de uma hemorragia cerebral. Ele estava internado desde 11 de maio.
Domingos da Costa Ferreira começou sua trajetória no carnaval na Unidos de São Carlos, no final dos anos 60. Com um timbre de voz diferenciado e uma habilidade em compor sambas, passou a se destacar como na escola do bairro da Estácio. Passou a integrar o coral da agremiação, até que venceu a disputa de samba-enredo para o carnaval de 1976, Arte negra na legendária Bahia, em 1976, que o projetou para assumir o microfone da entidade.
Em 78, foi contratado para ser a voz oficial da Imperatriz Leopoldinense, conquistando o bicampeonato em 80 e 81. Isso lhe deu ainda mais projeção no carnaval. Em 83, voltou para São Carlos, que passava a se chamar Estácio de Sá. Ficou cinco carnavais na agremiação, até que em 1989, voltou para a Imperatriz para cantar o antológico Liberdade abre as asas sobre nós, um samba que fixou conhecido em todo Brasil.
Nos anos 90, Dominguinhos conquistou mais dois títulos do grupo Especial. Em 92, com a Estácio de Sá, no surpreendente Pauliceia Desvaraida, considerado por muitos, como um dos melhores desfiles da história da Marques de Sapucaí, e em 1997, com a Unidos de Viradouro, escola que cantou durante 10 carnavais. Passou também pela Grande Rio, Inocentes de Belford Roxo e diversas escolas de samba de todo Brasil.
Uma curiosidade que poucos conhecem, é que foi no carnaval de São Paulo que Dominguinhos teve sua primeira oportunidade como cantor principal, em 1974, na Vai-Vai, quando ganhou a disputa de samba do enredo Samba, Frevo e Maracatu. (Clique aqui pra ouvir). Ele também é autor de dois sambas para o carnaval de 2022, já que venceu as disputas na Águia de Ouro e Acadêmicos do Tatuapé.
Fora o carnaval, Dominguinhos lançou oito discos e participou de um grupo chamado Puxadores do Samba, no final dos anos 90.