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Parabéns SASP! 17 anos… Quantas Verdades Mudaram!

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Na virada do ano 2000, a internet no Brasil tinha quatro anos de funcionamento comercial e ainda era privilégio de uma pequena parcela da população brasileira. Funcionários do Banco do Brasil e universitários já conheciam o mundo virtual desde sua implantação. Um grupo de jovens paulistanos de classe média, curiosos em conhecer amigos que gostassem de escola de samba, foi se formando. A convivência virtual começou no EA (Espaço Aberto) do site Galeria do Samba, do Rio de Janeiro. É claro que um dia esse grupo iria comentar, no fórum, alguma notícia sobre enredo ou samba de alguma escola de paulistana.  E é lógico que algum carioca iria arremedar: “Maish u qui essish caraish ishtão falâandu? Ninguêain querr saberr de cárrinaval de Sâampa… Aliáish, eu nêain sabia que tinha ishcóala de samba lá…”

Desta feita, os jovens paulistanos criaram um grupo de e-mails no Yahoo (que na verdade, ainda há, mas eu nunca mais entrei). Houve algumas discussões para se escolher um nome para o grupo. A primeira proposta foi o horrível nome de SACAPAU – Sociedade Amantes do Carnaval Paulista. Felizmente, alguém teve a idéia do nome SASP – Soiedade Amantes do Samba Paulista e esse nome ficou até hoje. A fundação da SASP se deu em um churrasco. E foi no morro. Na verdade, em uma mansão do alto do Tremembé, à beira da piscina, casa onde Vitor Aroli morava quando solteiro. Beberam, cantaram, tocaram, pularam na água e fizeram barulho madrugada adentro. E receberam uma chuva de agrados de vizinhos da casa que ficava mais alta naquele morro chique: até melancias voaram de lá do alto pedindo silêncio. Os oito fundadores da SASP são Vitor Aroli, Armênio Poesia (ainda hoje compositor), Luis Vanucci (na época cunhado de Armênio), Beto Peruche (outro compositor), Fábio Lisboa (mais conhecido como Jelleya, também compositor), Emerson Brás, Pablo Porangaba e Henrique Barba (adivinhe o que ele é?… Compositor!)

O novo site tinha uma característica mais museológica que noticiosa, graças ao imenso acervo que Luis Vanucci e José Carlos Lisboa começaram a construir e, posteriormente, passou a ser mantido por Rodrigo Brito. A grande movimentação de visitas era o Botequim da SASP, fórum que havia no site, moderado por Fábio Parra, euzinho mesmo. A intolerância com a internet era grande nas quadras de escolas de samba, que na época eram bem mais caracterizadas como guetos e menos identificadas com a classe média. Algumas escolas pareciam ser mais receptivas com os “meninos da internet”: Tom Maior, Mocidade Alegre, Camisa Verde e Branco, Rosas de Ouro, X-9 Paulistana e Acadêmicos do Tucuruvi eram os pontos de encontro mais frequentes da galera. Dirigentes que não aceitavam as críticas aos seus enredos, sambas ou desfiles não pensavam duas vezes em me acordar de madrugada pedindo para tirar uma postagem do ar.

Em 2002, a primeira grande conquista: com o apoio da presidente da UESP (Edléia dos Santos), do diretor de Carnaval Kaxitu e da comissão técnica da Liga-SP, realizamos o Debate Sasp Carnaval na plenária da UESP. Ficamos impressionados com a adesão e a presença de sambistas ilustres como Mercadoria, Fernando Penteado, presidente Marko da tom Maior e Lourival Campos respondendo pacientemente às dúvidas de pelo menos 90 saspianos presentes. Esse evento foi importante para que sambistas de respeito perdessem parte do preconceito contra o nosso grupo que, entre outras coisas, era acusado de ser uma “torcida organizada da firma dos compositores Armênio e Diego Poesia”. Nos meses seguintes ao debate, diversos membros da SASP passaram a atuar na direção de suas escolas de coração.

Duas dissidências se formaram: o site Lovesamba, de 2001 (liderado por Mestre Adamastor), e o site Carnaval Paulista, de 2003 (liderado por Leonardo Franco, antigo webmaster, que sonhava com um projeto mais noticioso).  O Samba da Garoa (criado por Evandro da Rosas) não chegou a ser considerado dissidência, pois continuou colaborando com a equipe SASP e convivendo com a equipe. O Prêmio Melhor do Acesso, criado em 2003, foi desvinculado pela SASP em 2007, também sem prejuízo para os laços de amizade.

O ano de 2004 nos trouxe dois grandes presentes: a chegada de Ronny Potolski – convidado por Luis Vanucci – e a popularização da rede social Orkut. Ronny preocupou-se em transformar a SASP em uma referência na imprensa especializada de carnaval, que dava sinais de crescimento. E o Orkut abria espaço para que os cidadãos falassem o que quisessem nos fóruns, não havendo risco de presidentes e dirigentes ofendidinhos nos ligarem de madrugada pedindo para apagar postagens incômodas a eles.

Os anos seguintes foram marcados pelo empoderamento de muitas camadas sociais, com o barateamento do acesso à internet e o advento dos smartphones. Esse empoderamento propiciou a inclusão digital de todos os segmentos das escolas de samba. A SASP ampliou sua cobertura de eliminatórias, finais de samba enredo e desfiles carnavalescos. Em 2013, passamos a transmitir os desfiles ao vivo pela Sintonia Sasp, além de programas como Botequim da SASP, Febre de Bola, Debate Carnaval, Tudo o que Cai Volta e E por Falar em Samba.

Em 2014, passamos a gravar nossos programas em nossa sede, no bairro de Vila Romana. Hoje, temos a felicidade de ser uma referência na imprensa carnavalesca, da boa recepção em todas as agremiações, de saber que nossa opinião muitas vezes é apropriada de forma construtiva por dirigentes para motivar suas comunidades, e de promovermos a versão paulistana do Troféu Estrela do Carnaval (em parceria com o site carnavalesco.com), entre tantas realizações. 

Por falar em parceiros, temos a benção de tê-los, mas a grana ainda é curta: todos os membros da nossa equipe trabalham em seus respectivos empregos, o que nem sempre permite que consigamos participar desse verdadeiro pregão pelo furo das notícias, tão em voga na imprensa atual e tão necessário para mantermos o número de acessos que valoriza o nosso site. 

Mas garantimos que, mesmo sem dar “furos” de “primeira mão”, garantimos um conteúdo profundo, consistente e atemporal, pois nossa equipe é formada por sambistas que conhecem esse assunto de escola de samba por dentro: somos compositores, diretores de carnaval, enredistas, carnavalescos, ritmistas, mestres de bateria, mestres-sala, porta-bandeiras, harmonias, chefes-de-ala, diretores de harmonia, destaques, dançarinos de comissão de frente, intérpretes, músicos… E ninguém aqui ganha um centavo. Ainda estamos nessa por amor!

Quer bem feito? Então faça você! 

Para comemorar mais um carnaval, no próximo dia 6 todos estão convidados para lotar a quadra da Rosas de Ouro na festa de entrega dos troféus do Prêmio Estrela do Carnaval, com entrada franca e uma festa que vai virar a madrugada, como todo bom evento de sambista!

Respeite quem pode chegar onde a gente chegou…

Parabéns, SASP!

Fábio Cavicchio Parra

Botequim da SASP