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Pérola Negra homenageia o povo cigano em desfile marcado por problemas em evolução

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A garoa já caía sobre o Anhembi quando a Pérola Negra começou e seu desfile e, assim, abriu a segunda noite do Grupo Especial de São Paulo. A bateria Swing da Madá, sob o comando de Mestre Neninho, foi o grande ponto alto de desfile, contribuindo para um bom desempenho do samba e para esquentar as arquibancadas, apesar do frio. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Arthur e Eliana, também se destacaram, com a ajuda de uma fantasia muito bonita em tons de verde.

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Afetadas por uma enchente causada pelas fortes chuvas do verão paulistano, as fantasias de algumas alas da escola não devem ser julgadas e apresentaram problemas de acabamento. O destaque fica para a fácil leitura do enredo “Bartali Tcherain – A Estrela Cigana Brilha na Pérola Negra“. Completando a parte plástica, as alegorias da escola também apresentaram problemas de acabamento e a escultura de Ramsés no segundo carro passou com um braço quebrado pelo Setor H. Do meio para o final do desfile a escola apertou o passo de forma intensa, o que fez com que aparecesse um clarão de quase um setor de arquibancada entre a bateria e a ala que veio à sua frente.

PRIMEIRO SETOR

O desfile do Pérola Negra começou com a comissão de frente representando o surgimento do povo cigano, com coreografia de Robério Theodoro. Conta uma lenda cigana que o deus indiano Ganesha quando criança pediu aos sacerdotes e sacerdotisas que mandassem um recado ao deus Krishna, pedindo que ele trouxesse para a ìndia um povo alegre e cheio de magia. De um baú místico trazido por ele, surgiu o povo cigano.

O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Arthur e Eliana, veio representando a joia do oriente. Fechando o setor vieram a ala dos sacerdotes do deus Hanuman (Senhor do Ventos) e a ala das baianas como Bartali Tcheraim (a estrela da sorte), que juntos guiaram o povo cigano por todo o mundo. O carro abre-alas da escola representou o tempo indiano Meenakshi, um espaço religioso que foi o berço do povo indiano, com todos os seus encantos, mistérios e deuses. Elefantes, como tradução da resiliência dos ciganos nômades, e Ganesha, como sinal de sabedoria, boa sorte e prosperidade, vieram representados na alegoria.

SEGUNDO SETOR

O segundo setor da Joia Rara do Samba mostrou os saberes e os costumes que o povo cigano andarilho carregou consigo pelo mundo ao sair da Índia. As alas mostraram a relação dos ciganos com o sol e a lua, as lembranças e o ouro que eles levaram e o cavalo, seu inseparável companheiro. A Bateria Swing da Madá veio nesse setor representando o encanto e a sedução do povo cigano. O setor se encerrou com a chegada desse povo ao imponente e rico Egito dos faraós. A segunda alegoria retratou o templo do faraó Ramsés e o deus egípcio Anúbis, como tradução de toda a opressão, escravidão e perseguição que o povo cigano sofreu no Egito.

TERCEIRO SETOR

O terceiro setor do desfile da Pérola Negra ocupou-se em conta as andanças do povo cigano que fugiu do Egito para o sul da Espanha. As alas mostraram os ciganos ferreiros, a musicalidade do povo, os árabes do deserto que perseguiram os ciganos, os companheiros mouros que acompanharam o povo cigano na jornada e a figura do mar mediterrâneo, elemento chave para a chegada à Europa por meio dos navios piratas. A terceira alegoria da escola ilustrou a região da Andaluzia, que fica ao sul da Espanha, onde o povo cigano desembarcou e deixou sua marca na cultura europeia. Surgiram as castanholas, os violinos e os pandeiros, o fascínio pelas dançarinas espanholas e a coragem dos toureiros.

QUARTO SETOR

O quarto setor ilustrou o legado do povo cigano, construído a duras penas por um povo que sobreviveu à inquisição. Muitas famílias ciganas continuam a morar de forma fixa na região da Andaluzia, inclusive. As alas mostraram a paixão avassaladora entre a cigana Carmem e o toureiro, Esmeralda e o Corcunda de Notre Dame, a fama de bruxaria atribuída à cultura cigana, a inquisição, o holocausto e as caravelas portuguesas, que trouxeram os ciganos ao Brasil. O quarto carro alegórico trouxe para o público todo o universo místico cigano: leitura das mãos, jogos de carta, bolas de cristais, vidência através dos astros.

QUINTO SETOR

Foi no quinto setor que a Pérola Negra começou a falar sobre a chegada do povo cigano ao Brasil. Apareceram a magia do baralho cigano, o bandeirantismo desbravador típico dos ciganos, os dançarinos. Apareceu aí o tributo à Santa Sara Kahli, padroeira do povo cigano. O desfile terminou com a quinta alegoria trazendo a imagem de Santa Sara Kahli, negra, que olha pelo povo cigano por todo o mundo. Foi nessa alegoria que veio a fogueira, símbolo místico associado ao caráter festivo do povo cigano, e o clã Calom, o primeiro a chegar ao Brasil.

Botequim da SASP