Na noite deste sábado, dia 11, aconteceu a abertura oficial do carnaval de São Paulo com o desfile das 12 escolas de samba que fazem parte grupo de Acesso 2. Apesar da chuva, o público se fez presente nas arquibancadas do Anhembi para acompanhar as apresentações.
Os destaques positivos ficaram por conta dos desfiles da Unidos do Peruche, Torcida Jovem, Uirapuru da Mooca e Dom Bosco de Itaquera, que fizeram apresentações tecnicamente perfeitas e isso, as credenciam no sonho pelo título do Acesso 2. Já no outro extremo, Unidos de Santa Bárbara, Leandro de Itaquera e Brinco da Marquesa sofreram com problemas durante seus desfiles e isso pode valer pontos preciosos na apuração.
Vale lembrar que as duas primeiras colocadas sobre para o grupo de Acesso e as três últimas serão rebaixadas para o Especial de Bairros da UESP. Confiram abaixo como foi o desfile de cada agremiação:
Imperatriz da Pauliceia
Com o desafio de abrir a noite dos desfiles, a escola campeã do Especial de Bairros no último carnaval, fez sua estreia na passarela do samba. Com o enredo Bem-vindos à Vila Esperança – O Berço do Carnaval paulistano, a entidade da zona leste chamou a atenção pelo excelente conjunto de alegorias e fantasias, que foram desenvolvidas pelo carnavalesco Pedro Magoo. A ala das baianas homenageou Seu Nenê e seu filho Betinho, que por anos comandaram a Nenê de Vila Matilde.
Outro destaque foi a estreia da primeira mulher comandando uma bateria no sambódromo, a mestra Rafaella Rocha, que foi ovacionada por todos os setores de arquibancada.
Amizade Zona Leste
Levando para a pista o enredo Do Zé Pelintra ao Zé Ninguém, Qual Zé Você é?, a Amizade levou a história de diversos Zés que ficaram conhecidos ao logo da história em diferentes nichos. O desfile da escola do extremo leste da capital foi coeso, mas com alguns problemas técnicos que a afasta das primeiras posições. O canto da comunidade foi o ponto forte da apresentação.
Brinco da Marquesa
É Festa! No Brasil é Alegria o Ano Inteiro a Marquesa Comemora com Você… Esse é o título do enredo que a escola da zona sul levou para o Anhembi nesta madrugada. O carnavalesco Carlos Marques apostou em fantasias com materiais diferentes e fácil leitura para o público. Porém alguns problemas técnicos e visuais ficaram aparente e isso pode dificultar a permanência da entidade no grupo no próximo carnaval.
Primeira da Cidade Líder
Homenageando os 70 anos de história da escola de samba carioca Acadêmicos do Salgueiro com o enredo 70 anos de uma Escola Diferente, Lá vem Salgueiro!, a escola da zona leste levantou o público com o samba-enredo, que foi brilhantemente interpretado por Thiago Melodiah.
O conjunto visual de fácil leitura ajudou a entidade na interação do público. O destaque principal ficou com a bateria comandada por mestre Alê, que ousou nas bossas durante toda sua passagem no Anhembi.
Imperador do Ipiranga
Com um dos melhores conjuntos alegóricos da noite, a Imperador do Ipiranga levou para o pista o enredo Gratidão, Fé e Amor, VEM! Sou Imperador, que foi desenvolvido pelo carnavalesco Anselmo Brito. A comissão de frente, coreografada por Renata Coppolla, foi um dos destaques do desfile. O quesito Harmonia também foi destaque, a escola sustentou bem o cantou, apoiando o intérprete Rodrigo Atração.
O ponto negativo foi a falta dos chapéus nos ritmistas da bateria comandada por mestre Thiago Praxedes e isso pode tirar a entidade da briga pelo título do Acesso 2.
Uirapuru da Mooca
Um dos destaques da noite, a escola da Mooca levou para Anhembi o enredo Amazônia: Terra do Uirapuru – Salve os donos da terra e suas lendas, em uma apresentação praticamente sem erros, apesar da chuva que caiu no momento de seu desfile.
O conjunto visual surpreendeu o público, com fantasias e alegorias muito bem feitas e com requinte em acabamento. Outro ponto forte foi a evolução da entidade, que foi perfeita e coloca a escola entre as candidatas ao título.
Leandro de Itaquera
A escola da zona leste apostou na reedição do enredo de 1992 para seu desfile. Em termos de inteiração, a aposta deu certo. O samba composto por Tião Oliveira, Amaro Nunes, Valdemir, Leo e Hugo Bispo foi o mais cantado da noite nas arquibancadas, isso favoreceu os quesitos Harmonia e Evolução. A bateria de mestre Pelé também foi um dos pontos fortes da entidade, assim como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, José Luiz de Castro e Juliana Souza.
Porém o conjunto visual deixou muito a desejar. Problemas de acabamento eram visíveis e isso coloca a tradicional escola da zona leste como uma das entidades que irão lutar contra o rebaixamento na apuração.
Unidos do Peruche
Outra tradicional escola que desfilou nesta madrugada foi a Unidos de Peruche, que também foi um dos destaques do grupo. Com o enredo A Essência que me seduz, do carnavalesco Mauro Xuxa, a Filial do Samba fez um desfile solto, alegre e que também levantou as arquibancadas do Anhembi e faz com que também seja uma das favoritas ao título.
A Bateria Rolo Compressor, de mestre Acerola de Angola, foi ponto fundamental para a boa apresentação da escola, com um ritmo que facilitou o canto da comunidade Perucheana. O primeiro casal, Kawê Lacorte e Nathalia Bete, bailaram com exuberância e extrema sincronia. Uma cena que emocionou muitos sambistas foi a presença de Seu Carlão do Peruche, fundador da entidade, com 92 anos e que veio abrindo os caminhos para a Peruche.
Unidos de Santa Bárbara
A escola da zona leste foi outra que apostou na reedição no Acesso 2. O tema Kosi Ewe – Salve as folhas – Sem folhas não tem Orixás foi originalmente levado para a avenida em 2010, e voltou neste ano para homenagear Mãe Helena, fundadora e mãe de santo da entidade. O desfile desse ano, não apresentou a robustez em comparação com contras coirmã. Alguns problemas problemas em termos visuais e técnicos foram notados durante a sua passagem pelo Anhembi, e isso coloca em risco a permanência da escola no grupo.
O destaque positivo foi a interpretação de Elci Souza, que brilhantemente cantou o samba composto por Daniel Collete, Juba, Binho Gaviões da Fiel, Diego Miguel e André Ricardo. Em 2022, a cantora recebeu o Prêmio SASP como revelação do carnaval.
Torcida Jovem
Homenageando Iemanjá com o enredo Torcida Jovem está presente e canta nas águas de mãe Iemanjá, a escola da torcida do Santos Futebol Clube surpreendeu o público com uma apresentação leve, com soluções visuais interessantes e em termos técnicos, quase perfeita, assim a credenciando com uma das candidatas ao título do grupo.
O primeiro casal Alex Santos e Dani Motta fez uma excelente apresentação, mostrando sincronismo no bailado. A bateria de mestre Marcelo Caverna também foi um dos pontos fortes do desfile, assim como os quesitos harmonia e evolução.
Camisa 12
A penúltima escola da noite foi a Camisa 12, que levou para o Anhembi o enredo Da inclusão à superação. Todos somos iguais. Sou um Campeão. Os pontos positivos ficaram com a comissão de frente, comandada pela experiente Yáskara Manzini, e também como o primeiro casal Luan Camargo e Mari Santos.
A segunda alegoria da agremiação apresentou problemas dentro da pista e isso atrapalhou a evolução da entidade, que precisou correr para não estourar o tempo máximo de desfile, que no Acesso 2 é de 50 minutos.
Dom Bosco de Itaquera
Quase que uma tradição em sua história, a Dom Bosco novamente encerrou os desfiles já manhã de domingo, fazendo uma homenagem ao maestro Heitor Vilas Lobos, com o enredo Sinfonia Brasileira – Uma Aquarela em Poesia. A escola fez um desfile tecnicamente perfeito, com um excelente conjunto visual e acertos em todos os quesitos julgados, assim, também a credenciando para buscar o título.
Em 2022, a escola só não foi campeão do grupo porque estourou o tempo do desfile. Já neste ano, a evolução não foi problema, terminado o desfile com 48 minutos. O ponto alto da apresentação eram os paradões da bateria Gloriosa, de mestre Bola, que davam a oportunidade das arquibancadas ouvirem os componentes da escola ecoando o samba.
