Na décima sétima reportagem da série “Por dentro dos Enredos” vamos apresentar um pouco mais sobre o que a Fiel Torcida Corinthiana levará para o Anhembi em 2018. Nono lugar em 2017, os Gaviões da Fiel aposta no histórico indígena da cidade de Guarulhos, para sair da fila de títulos do Grupo Especial do carnaval paulistano, que já dura 14 anos.
Embalados com o recém-conquistado título de campeão brasileiro do Corinthians, com um dos sambas mais aclamados da safra paulistana para 2018 e o reforço do carnavalesco Sidnei França (ex-Vila Maria e Mocidade Alegre), os Gaviões irão iniciar o seu desfile com os segredos de Tumé Arandu e a Grande Profecia Tupi. Tumé, primeiro filho do Deus Maior Tupã, apresenta os segredos guardados desde a origem do mundo, que deveriam passar de geração em geração e só revelados em noite de lua cheia. Conta a lenda que, então, o sábio ancião declara e perpetua a Grande Profecia. Nela, no ressurgimento da vida na Terra deveria chegar um povo lutador e predestinado a buscar um novo tempo, de prosperidade e paz.
No primeiro setor do desfile alvinegro, Tupã destrói e posteriormente reconstrói cada pedaço do planeta, à medida que algo o deixava descontente. O Deus maior observava a convivência harmônica entre os homens, até que os mesmos tornaram-se injustos e maus. Isso deixou Tupã enfurecido, fazendo com que o mesmo mandasse uma chuva de fogo sobre a Terra, para renovar e purificar a humanidade com amor.
Logo na sequência, os Gaviões irão retratar a sequência desse apocalipse indígena a partir da fúria de Tupã. Após esse dilúvio de fogo, apenas um homem sobreviveu: Rudá. Consagrado Deus do Amor nos céus, conta a lenda que Rudá não se mostrou satisfeito com a posição privilegiada e, após muita insistência, convenceu Tupã de que a Terra não poderia permanecer inabitada, com tantas belezas e riquezas naturais. A partir daí, a humanidade ressurge, assim como resplandecem os Guarus, os mensageiros de Rudá.
Os Guarus, então, viviam em uma terra abençoada por Tupã, com solo fértil e em perfeita harmonia. Porém, a lenda conta que Japeusá – o segundo filho de Tupã – traiu as leis da vida e abriu os caminhos na mata para a chegada do homem da pele branca, que carregava consigo a cobiça e a ambição. Todo o processo de interação entre os brancos e índios da conhecida história do Brasil, o período de catequização e exploração da terra em busca do ouro serão retratados no terceiro setor do desfile da Fiel Torcida. Logo na sequência, ainda neste setor, a chegada dos escravos africanos (o povo de “pele escura” como retrata a sinopse), e todo o sofrimento vivido por eles. As similaridades entre os povos indígenas e negros serão retratados no desfile alvinegro.
Na quarta parte do desfile da Fiel, Tupã repassa a Marangatu – seu terceiro filho e o mais bondoso entre os herdeiros – a responsabilidade sobre os destinos da cidade. O lugar, povoado pelos Guarus, acompanha a evolução de tempo, com trabalho e bastante integração independente se a pele é vermelha, escura ou branca. Tudo sob os olhos de Tupã, que ordena que a terra dos Guarus seja local de progresso, bonança e liberdade.
No encerramento do desfile dos Gaviões, a terra dos Guarus como local de prosperidade e do futuro. A Guarulhos que se mostrou para o Brasil e para o mundo, da irreverência dos saudosos Mamonas Assassinas, passando pela pujança de uma cidade que não para, à sua importância para o país. Sob os olhos da Deusa Lua Jaci, a terra dos Guarus faz cumprir a profecia Tupi e segue seu caminho, com prosperidade e paz.
Com o enredo “Guarus – Na aurora da criação, a profecia Tupi… Prosperidade e paz aos mensageiros de Rudá“, desenvolvido pelo carnavalesco Sidnei França, os Gaviões da Fiel serão a quinta agremiação a desfilar no sábado de carnaval, no Sambódromo do Anhembi. A Torcida Que Samba vai em busca de seu quinto título na história do Grupo Especial, o que não acontece desde 2003.
Amanhã, 22, a série “Por dentro dos Enredos” continua. Será a vez de conhecer um pouco mais sobre o que a Pérola Negra levará para a Avenida no próximo carnaval.
