Por Carol Guerrero
É tempo de redes sociais, de libertação dos povos, de libertação de tudo que até hoje vinha entalado na garganta. Jamais passaria impune a agressão de uma mulher em público. Qual era a dúvida? Ah, eu sei. Não era dúvida, era certeza. A certeza da impunidade.
Eu amo o Carnaval e esse mundo de escolas de samba, mas alguns ambientes são muito machistas. Por diferentes motivos, já presenciei ou fiquei sabendo de gritos, ameaças e empurrões. Sem esquecer, claro, que também já fui sacudida na avenida e atravessei o Anhembi todo chorando sem sequer ter visto a cara do agressor. A sensação? Horrível! Eu só estava fazendo aquilo que me pediram para fazer.
O “falso poder” concedido por uma camisa de diretoria beira a loucura para quem veste e para quem assiste.
É verdade que é o trabalho de um ano inteiro e nada pode dar errado nos ensaios e no dia do desfile. Mas nada, NUNCA, justifica a violência, a permissividade de quem vê e a conformidade de quem é agredida.
Acabou! O episódio de hoje faz com que o machismo nas escolas de samba comece a desmoronar. E é só o primeiro passo!
Um ritmo e uma festa que nasceram e cresceram dos povos africanos e negros não irão mais tolerar o desrespeito com as minorias, sejam elas de gênero, cor, opção sexual, raça, religião e formato de corpo. Acabou!
Que o episódio de hoje, que só é diferente porque foi filmado e exposto em todas as telas que acessamos, sirva de ponto de partida para um novo momento.
O Carnaval das escolas de samba, principalmente SP e RJ, precisa ser reinventado, precisa urgente de um plano de ação para reconquistar seu público. O que acontece nesta semana não nos fortalece, apenas afasta pessoas do bem e de família que gostam de brincar o Carnaval!
Não sabemos quais serão os próximos capítulos, mas torço para que os protagonistas assumam seus papéis. Querida vítima, não se cale! Não importa o motivo. Você não é culpada e não precisa passar por isso. Imagine sua mãe assistindo às cenas que o Brasil todo está vendo? Lute. “Lute como uma garota!”
Querido agressor, se redima. Se apresente, peça desculpas, assuma as consequências dos seus atos e cresça com tudo isso. Assuma um papel de mudar suas atitudes e de todos que acham normal o que você fez. O Carnaval precisa dessa mudança.
Enfim, que o legado desse momento seja de aprendizado! O machismo não tem mais espaço, nem nas escolas de samba!
A Vai Vai? Ah, a Vai Vai é muito maior que isso. É lá que o samba amanhece, que a Grazzi Brasil é intérprete, que a bateria tem Camila Silva à frente. É lá que tem as baianas mais lindas e tradicionais do mundo. Levanta a cabeça, Bixiga!