A segunda noite de desfile do Carnaval 2017 de Santos recebeu um bom público no Sambódromo “Drausio da Cruz”, muito acima do público da 1ª noite. Mais uma vez, a noite foi composta por duas agremiações do Grupo de Acesso e quatro do Grupo Especial.
Bandeirantes do Saboó
Com o enredo “Nas Entranhas da Terra”, a escola entrou na avenida com 600 integrantes trazendo um enredo sobre as origens do universo e da vida, do carnavalesco Renan Ribeiro. A escola tenta voltar à elite santista, depois do rebaixamento em 2015.
A escola começou o desfile com a escuridão e o caos, retratados na comissão de frente. O abre-alas, mesmo simples, mostrou a criação do planeta, e em seguida a escola retratou o nascimento de todos os seres.
“Fizemos um desfile técnico e empolgou quem viu o desfile. Viemos animados e com muitas cores.”, disse o presidente Rogério.
Mesmo com a verba reduzida, a escola conseguiu levar boas fantasias e alegorias de fácil leitura. Um dos destaques ficou por conta do intérprete oficial, Primo do Pandeiro, que agitou o sambista presente.
Mocidade Dependente do Samba
A Pantera encerrou o Grupo de Acesso com o enredo “Eu boto fé, sou superação”. A agremiação passou com 700 componentes, que retrataram fatos de superação do povo brasileiro. Também finalizou com as duas paixões do brasileiro, que superam adversidades: futebol e samba. Para contar essa história, a Mocidade levou para a avenida fatos reais e imaginários, com um enredo não tão claro.
Um dos momentos mais emocionantes foi na concentração, a choro de emoção da porta-bandeira Mayra, pelo fato do mestre-sala Helio ter quebrado o pé e ter sido trocado na última semana pelo novo parceiro de dança.
“Vamos voltar ao Grupo Especial, que é nosso lugar.”, disse o presidente Piu estava confiante após o desfile, em clima de euforia.
Um dos ícones que passaram pela escola durante o desfile foi o intérprete oficial, Paulo da Magia. Destaque também para a bateria que vestida de time de futebol com as cores da escola, levantou o público. O abre-alas trouxe um dragão colorido que chamou a atenção na alegoria, mas sem a tradicional pantera, símbolo da escola.
A comissão de frente mostrou irreverência, com homens da idade da pedra e um macaco, e toda evolução com um integrante encenando o uso de tecnologia como o telefone celular.
Vila Mathias
Um das escolas mais aguardadas deste Carnaval, a Vila Mathias iniciou o Grupo Especial da 2ª noite com o enredo “Aparecida, a Nossa Senhora do Brasil: 300 anos de Devoção e Fé”, em homenagem aos 300 anos da padroeira do Brasil, com a assinatura do carnavalesco Alex Santos.
Com uma entrada muito forte e emocionante, a escola prometia um grandioso desfile. O começo da escola trouxe belas fantasias, pela comissão de frente, bem como um abre-alas todo dourado que chamou a atenção. A tradicional coroa, símbolo da escola, veio no abre-alas.
Com fantasias de bom acabamento e de bom uso de materiais e cores, as alas cantaram o samba com emoção e interação com público. Ao todo, foram 1200 componentes que desfilaram pela jovem escola.
A escola porém teve alguns problemas antes e durante o desfile. O letreiro do nome da escola teve problemas no sistema, e o LED não acendeu, indo para a avenida apagado. Outro ponto com a alegoria inicial, foram os cavalos acoplados a frente do chassis principal, sem alinhamento que precisava ser ajustado constantemente pelos coordenadores da alegoria.
Um dos pontos altos da escola, foi a performance da ala musical. Com um show de Chitão Martins e todo o time, o público se empolgou, mesmo com falhas no sistema de som do Sambódromo. O samba-enredo foi outro ponto alto da noite em seu desfile.
Outro ponto que pode tirar alguns décimos na apuração foi em relação a fantasias. Mesmo com fantasias bonitas e bom acabamento, algumas alas desfilaram com sapatilhas diferenciadas, e uso de tênis de alguns componentes.
O enredo retratou desde o surgimento da imagem da Santa no Rio Paraíba do Sul, até o milagre da multiplicação dos peixes para os pescadores que receberiam a passagem da comitiva imperial de Dom Pedro I.
Padre Paulo
A noite reservava ainda muita tensão e comoção pelo Grupo Especial. Com o enredo “‘N’gola: da dança à herança de uma grande nação”, que pretendia contar sobre Angola e as danças africanas que se misturaram no Brasil, transformando-se no samba e no Carnaval.
Com muitos problemas desde a armação até a concentração, a escola passou por momentos nada agradáveis antes do desfile. Um problema no transporte do carro alegórico abre-alas acabou atrasando a escola, que também desfilou com um carro a menos já que um deles acabou quebrando na concentração. Quando o relógio começou a marcar o tempo de desfile, não havia ainda carros alegóricos na concentração. É que a terceira alegoria teve problemas – uma das rodas quebrou – e acabou não sendo utilizada. Houve muito atraso por conta disso. O quadripé com o nome da agremiação só cruzou a linha de início do desfile aos 14 minutos, com diversos problemas de acabamento.
Mesmo com tantos problemas, a escola cantou fortemente o samba-enredo, mostrando boa harmonia de dança e canto. E contou com o apoio da arquibancada. A ala musical foi liderada por Tim Cardoso.
Diversos integrantes foram às lágrimas na concentração, sem separar a decepção da alegria. Outro momento tenso foi em relação a fantasia da bateria, que estava sem sapatilha. A poucos minutos do desfile, as sapatilhas chegaram aos ritmistas, que estavam visivelmente emocionados.
“Nós tivemos problemas no terceiro carro, vimos que ia nos atrapalhar na avenida e decidimos não usá-lo”, disse o presidente Paulo Roberto.
Um dos pontos que chamaram a atenção foi a fantasia do 1º casal de mestre-sala e porta-bandeira, Igor e Nicinha.
Além do problema com os carros, a Padre Paulo pode ser punida por não desfilar com o número mínimo de componentes e, com isso, perder pontos. A Padre Paulo desfilou com 608 componentes, menos dos que os 700 requisitados pelo regulamento.
Unidos dos Morros
A atual campeã do carnaval de Santos era a mais aguardada da noite pelo público, que enchia o Sambódromo. Quando anunciado o nome da agremiação, aplausos e agitação tomaram conta.
Com um enredo para homenagear a colônia portuguesa na cidade santista, a escola se mostrou forte candidata a mais um título. Como já é costume, a Unidos dos Morros passou pela avenida com enormes e bem decorados carros alegóricos. Destaque também para o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Renato e Fabiola.
No carro abre-alas, a agremiação retratou a chegada dos portugueses ao Brasil, com a imagem de uma grande caravela ao mar. No segundo carro, a atuação dos portugueses ilhéus no Morro da Nova Cintra, com a plantação de cana, milho e banana e a criação de suínos. A terceira e última alegoria era dedicada aos 100 anos da Portuguesa Santista, a Briosa.
Com ótimas fantasias, a escola também teve alguns problemas de quebra de costeiros e sapatilhas diferenciadas dentro da ala, durante o desfile.
Com uma leitura fácil do enredo, e muito identificada com a cidade e seus moradores, a escola pecou também nas últimas alas, com muitos componentes apenas com camisão, quebrando a leitura de enredo e originalidade de fantasias.
A harmonia foi muito forte e contagiou o público, que levantou e cantou o samba durante todo o desfile. Outro ponto de destaque foi pelo retorno do intérprete Baby, e da bateria de Mestre Daniel
“Viemos para buscar o bi, superando todas dificuldades financeiras mas apostando em nossa comunidade”, disse o diretor de carnaval, Rubens Gordinho.
Mocidade Amazonense
Para fechar com chave de ouro, outra escola muito aguardada e com bom número de torcedores pisou forte na passarela do samba. Com o enredo sobre a cidade do interior de São Paulo, Holambra, a e escola fez o desfile dentro do tempo regulamentar.
A escola do Guarujá mostrou o melhor conjunto visual do Grupo Especial, com alegorias grandes e muito bem executadas, com fantasias de fácil leitura e bom acabamento. Mesmo assim, pecou com sapatilhas diferenciadas na mesma ala, e um tripé ao final do desfile que destoou do conjunto alegórico.
Com bom canto do samba-enredo, as alas dançaram e evoluíram muito bem. A escola também apresentou alguns problemas na evolução, em frente ao 3º carro alegórico, com alguns buracos e alternância de velocidade de desfile.
Foram distribuídas mais de 4 mil flores para o público, pelos diretores da escola e lançadas de um dos carros alegóricos. O perfume de flores tomou conta da passarela do samba.
Certamente a bateria foi outro ponto a se destacar. Com um enorme número de ritmistas, comandados por Mestre Pepeu, o ritmo agitou o público.
Outro destaque ficou por conta do casal de mestre-sala e porta-bandeira, Jefferson e Jane, pela apresentação e também fantasia.
“Deu tudo certo e agora é só esperar o título. Estamos confiando muito neste titulo”, disse o presidente Pedro Teixeira.