Por volta das 02h30 da madrugada de sábado, a Mancha Verde entrou na pista, levantando as arquibancadas, que no momento estavam com um excelente público. A escola fez uma merecida homenagem ao grupo Fundo de Quinta com o enredo A Amizade! A Mancha Agradece do Fundo do Nosso Quintal. O clima no começo era empolgante, com uma comissão de frente bem representativa, louvando os orixás, e permaneceu até momentos finais do desfile.
Em uma noite onde os problemas estiveram presentes em diversas agremiações, a agremiação alviverde se destacou pela técnica em sua evolução, que foi constante durante toda a pista, com componentes cantando em alto e bom som o samba-enredo, auxiliando o carro de som, liderado pelo intérprete Freddy Viana, que trouxe aberturas de vozes dentro da melodia e de perfeita sincronia com o time de cordas e seu arranjos.
O primeiro casal casal de mestre-sala e porta-bandeira, Marcelo e Adriana Gomes, vencedores do prêmio Estrela do Carnaval em 2017, sempre é um ponto que vale destacar na entidade, já que a dupla é uma das mais experientes do carnaval. O conjunto visual da escola também se destacou, com alegorias grandes e fantasias bem acabadas.
PRIMEIRO SETOR
Coreografada por Jonathan, Marcos e Wender, a comissão de frente da Mancha Verde abriu o desfile da escola alviverde levando ao público o início do Grupo Fundo de Quintal. Com a famosa tamarineira do Cacique de Ramos como elemento cenográfico, a apresentação retratou o firmamento de Dona Conceição, mãe de Bira e Ubirany – fundadores do Fundo de Quintal – sob a tamarineira. O quesito contou ainda com as figuras de Mãe Menininha do Gantois, mãe de santo de D. Conceição, e os orixás Oxóssi, Exu, Ossain e Oxum, que guiaram os caminhos para a colocação do firmamento.
Na sequência, o abre-alas da escola mostrou a origem do Fundo, no bloco do Cacique de Ramos. Representando em formas e traduzindo fielmente as cores do Cacique (vermelho e branco), a primeira alegoria da escola foi imponente e com um conjunto de esculturas no topo do carro e instrumentos musicais, fizeram alusão ao clima bem raiz do bloco.
A cabeça da escola ainda contou com momentos especiais, como o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da escola, Marcelo e Adriana Gomes, homenageando a Estação Primeira de Mangueira. A alusão deu-se pelo fato da primeira oportunidade do Fundo de Quintal mostrar seu trabalho ter sido a pedido de Beth Carvalho, ilustre mangueirense, e reverenciada na Ala das Baianas, logo na sequência.
A Puro Balanço, de Mestre Maradona, também veio em alusão ao Cacique de Ramos, pontapé inicial do Fundo. Em alas, o primeiro álbum do grupo “Samba é no Fundo de Quintal”, de 1980, e um dos primeiros sucessos “Bebeto Loteria” também foram retratados. Por fim, a segunda alegoria da escola, remeteu ao grande sucesso do grupo durante os anos 80, ajudando a difundir o gênero por todo o país.
SEGUNDO SETOR
Grandes sucessos do Fundo de Quintal foram lembrados no segundo setor do desfile da Mancha. “Castelo de Cera”, de 1985; “Ô Irene”, de 1986 e “E eu não fui convidado” de 1990, foram alguns dos hits lembrados ao longo da distribuição das alas pela Avenida. Outros sucessos, como “Só pra contrariar”, de 1991 e “Mapa da Mina”, de 2000, foram lembrados. Essa última foi sucesso à época na capital, tendo uma ala somente para retratar esse estouro do grupo de samba do Rio em São Paulo.
Finalizando o setor, o terceiro carro da agremiação tratou da religião e do sincretismo que o Fundo e seus componentes possuem como fé. Destaque para as duas esculturas centrais da alegoria, São Sebastião, padroeiro do grupo e do Rio de Janeiro à frente, e Oxóssi – sua representação no sincretismo religioso – o dono da mata, logo na sequência.
TERCEIRO SETOR
Outros sucessos dos anos 90 do Fundo de Quintal foram retratados nesse setor, especialmente “A Batucada dos nossos tantãs”, de 1993 e “Nosso Grito”, de 1999. Além disso, o setor também prestou homenagem a figuras que já nos deixaram, como Mário Sérgio, falecido em 2016, e Almir Guineto, também falecido no ano passado. O cantor Jorge Aragão, que pertenceu ao grupo antes de seguir carreira solo, e Arlindo Cruz, que seguiu o mesmo caminho e atualmente se recupera de um problema de saúde, também foram homenageados no quarto carro alegórico da escola.
Mas, uma homenagem foi ainda mais especial. Brutalmente assassinado em 2017, um dos fundadores da Mancha Verde e célebre palmeirense, Moacir Bianchi, foi homenageado com uma grande escultura na alegoria. No carro que celebrava A Amizade (música símbolo do grupo), ficou a bela homenagem da escola alviverde a um de seus fundadores.
QUARTO SETOR
No último trecho do desfile da Mancha, espaço para as premiações, o reconhecimento do público e o sucesso dos 40 anos de contribuição musical para o país do Fundo de Quintal. Destaque para as 18 conquistas de “Prêmio da Música Brasileira” e Grammy Latino já conquistados pelo grupo. Na última alegoria, clima e cenário de show do Fundo de Quintal. Efeitos visuais, painéis de led, sambistas e convidados especiais fizeram a festa no Anhembi. Destaque para grande escultura de Bira Presidente, fundador do Grupo, e para as esculturas de anjos, simbolizando os membros que nos deixaram e anunciando que, como dia o sucesso do Fundo, “O show tem que continuar”.