Após o rebaixamento em 2017, a Nenê de Vila Matilde foi a terceira agremiação a desfilar no Anhembi e querendo retornar ao Grupo Especial trouxe um enredo africano, a escola tem um histórico muito positivo de bons desfiles nesta temática. Iemanjá foi a deusa escolhida para ser homenageada, A Epopeia de uma Deusa Africana foi o enredo desenvolvido pelo carnavalesco Lucas Pinto, neste retorno a agremiação.
Com uma fácil leitura em suas fantasias, a escola fez um bom desfile e teve alguns pontos positivos. A comissão de frente e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Edilaine Campos e André Guedes, estreando com o pavilhão oficial arrancou aplausos do público. Após reformulações a Nenê mudou seu elenco para esse desfile de 2018, além do primeiro casal e do carnavalesco, a Nenê trouxe Mestre Paschoal para comandar a Bateria de Bamba, seu retorno a escola foi significativo, a diretoria queria trazer essência da Nenê campeã onze vezes campeã do Grupo Especial de volta para que em 2019 a escola esteja na elite do carnaval.
A Bateria de Bamba empolgou o público e a escola mostrou uma boa harmonia. Um ponto negativo na passagem da Nenê foi a evolução, os espaçamentos entre as alas e as fileiras foi muito desproporcional, o efeito sanfona aconteceu diversas vezes, principalmente no fim do desfile, além de que a agremiação acelerou seu andamento nas últimas alas da agremiação. As fantasias tinham um bom acabamento, mas as alegorias não seguiram o mesmo padrão, objetos estranhos a alegoria foram vistos em cima dos carros e algumas peças estavam caindo.
Mesmo com alguns problemas na parte visual, a escola fez um bom desfile e a comunidade da Nenê brilhou mais uma vez!
PRIMEIRO SETOR
Para contar a epopeia da deusa africana Iemanjá, a Nenê abriu o primeiro setor com uma comissão de frente trazendo as personagens principais dessa história. Os integrantes da comissão de frente eram Iemanjá, Exú, Griots e as águas do mar. Exú filho de Iemanjá, conta através dos versos cantados pelos Griots a epopeia de sua mãe, Iemanjá, senhora das águas e de todos os seres que lá habitam. A primeira alegoria fez menção ao dom da deusa e trouxe esculturas para retratar alguns rituais africanos feitos para Iemanjá, a coroa de Iemanjá, cisnes que é o animal relacionado a deusa e das lendas que cercam a deusa. As primeiras alas trouxeram representações dos negros e índios, as baianas representavam a lenda do jarro. No primeiro casal a porta-bandeira veio de Iemanjá e o mestre-sala como a Águia da agremiação.
SEGUNDO SETOR
O sincretismo religioso abriu o segundo setor, Iemanjá e cultuada pelos índios brasileiros como Mãe Iara. Pajés, caciques, feiticeiros e os índios são retratados na segunda alegoria da escola. Seguindo o sincretismo indígena, as alas representam os índios e a chegada dos portugueses, a segunda porta-bandeira representou Janaína a primeira mulher a avistar os navios de Cabral e o segundo mestre-sala o colonizador português. Os pretos-velhos passam a ser mostrados após o segundo casal nas alas da escola, onde a escola passa o sincretismo brasileiro. A umbanda brasileira, Nossa Senhora dos Navegantes, o Menino Deus, a lenda do Abaeté e as guerreiras de Iemanjá fecharam o segundo setor.
TERCEIRO SETOR
A terceira alegoria da escola abre este setor, o carro que contou a lenda do Abaeté trouxe a representação da Lagoa do Abaeté, que foi cantada por Caymmi e o véu de noiva de Iracema. Conchas, pescadores e palmeiras formaram o cenário da lenda. A Bahia de todos os deuses, as festas no rio vermelho, o dia de iemanjá (dois de fevereiro), os balaios das oferendas a deusa em forma de flores e presentes fecharam o penúltimo setor do desfile.
QUARTO SETOR
Fechando o desfile, a Nenê fez seu tributo a Iemanjá em sua última alegoria e alas. A quarta alegoria “Dia de Festa no Mar”, fez esse tributo trazendo os barcos que os filhos da deusa oferecem em graça e crença, os festejos no dia dois de fevereiro, o réveillon, os corais, peixes e uma grande sereia e jangadas acompanhavam a grande procissão para a deusa, o carro perfumado por água-de-cheiro. As últimas alas representavam o canto da Nenê e a fé na deusa e na Nenê de Vila Matilde.