Home > Carnavais > Carnaval 2020 > Unidos dos Morros, União Imperial e X-9 se destacam em Santos e são favoritas ao título

Unidos dos Morros, União Imperial e X-9 se destacam em Santos e são favoritas ao título

Spread the love

A SASP mais uma vez esteve presente na passarela Drauzio da Cruz para viver as emoções do carnaval santista. Para quem não sabe, Santos já teve o maior carnaval de rua do estado, com a presença forte de grandes escolas de samba, em uma época que a capital ainda tinha seu carnaval marcado por cordões.

O Sambódromo da cidade fica no bairro de Areia Branca, na divisa com São Vicente. Abaixo, acompanhe o as considerações para cada agremiação concorrente do Grupo Especial.

MÃOS ENTRELAÇADAS

A escola do Rádio Clube, com apenas 5 anos de existência, vem de uma ascensão meteórica e já estreou no Grupo Especial como grande: numerosa, com fantasias e alegorias caprichadas e o enredo “Assim Caminha a Humanidade” desenvolvido com muita competência. Não fosse o imenso buraco – que ocupou toda a segunda metade da pista, logo após a saída da Bateria do recuo, a escola poderia facilmente disputar o campeonato.

REAL MOCIDADE SANTISTA

O enredo Ayo – O Senhor dos Tambores – permitiu à Real Mocidade um desfile honesto, mas sem a luminosidade de escola favorita. O público recebeu a escola com carinho e respeito, mas sem se encantar. A evolução burocrática, com muitos componentes caminhando e sem entrega ao canto e a empolgação deixaram claro que há muita “lição de casa” ainda para ser feita. Ponto positivo para a clareza de leitura do enredo desenvolvido pelo carnavalesco Michael Smith.

UNIDOS DOS MORROS

Eis que de repente uma onda de otimismo e paixão tomou as arquibancadas e camarotes: a Unidos dos Morros desenvolveu seu enredo “A Beleza de Ser um Eterno Aprendiz” com uma Comissão de Frente atrevida e perfeita na coreografia. Alegorias arrojadas e fantasias vistosas falaram da educação como chave para superar a miséria. Além do visual que “valeu o ingresso”, a bateria – que trouxe como rainha Camila Silva (atual Rainha do Carnaval do Rio) e Michele Mibow como madrinha – deu um show à parte na manobra de entrada do recuo, coroando a Morros como a primeira escola da noite a se apresentar com reais chances de vitória.

UNIAO IMPERIAL

O clima de carnaval já dominava todo a passarela Dráuzio da Cruz quando a União entrou para mostrar porque é a atual bicampeã santista. Com uma entrada avassaladora, a escola mostrou com luxo e garra seu rico e divertido enredo “De Louco, Verde e Rosa Todo Mundo tem um Pouco“. Correta em evolução e harmonia, a Majestosa trouxe a energia de Viviane Araújo na corte de sua bateria e saiu da passarela deixando um cheiro de tricampeonato. Um aspecto peculiar tomou o sambódromo do início da apresentação dos sambistas do Marapé: além dos torcedores apaixonados da verse-e-rosa, revelou-se também uma imensa torcida contrária, o que aumenta a divulgação da escola para turistas e veículos de informação de fora da cidade.

MOCIDADE AMAZONENSE

Passar depois de dois desfiles imponentes não foi uma tarefa fácil para a escola do Guarujá. O enredo “Quilombo do Samba – Coisa de Pele” abrangia o tráfico negreiro, candomblé, as origens do samba com Tia Ciata, a chegada do ritmo em São Paulo, misturou o “feitiço da ilha” e o Trem das Onze de Adoniran Barbosa no mesmo refrão, outras variantes do ritmo do samba e encerrou comemorando os 47 anos da escola. Assim como o confuso enredo, o samba – que teve uma arrancada sofrível – também não pegou nem entre os componentes nem nas arquibancadas que, apáticas, começaram a se esvaziar.

MOCIDADE DEPENDENTE DO SAMBA

A escola do Jardim Casqueiro (Cubatão) orgulha-se de seus projetos sociais. A exemplo da escola anterior, também trouxe um enredo suntuoso, que ligava a civilização egípcia à origem de povos africanos que vieram ao Brasil. Sua comunidade, formada por muitas pessoas humildes, desfilou sem incorporar a grandiosidade do samba-enredo, cantando muito pouco. E nem dançando. Entre um carro e outro, o que se via eram 4 fileiras indianas de pessoas caminhando. O bom acabamento de fantasias e alegorias, a belíssima ala das baianas, a afinada bateria e o carisma do casal de mestre-sala e porta-bandeira são trunfos da escola que podem ajudá-la na luta pela permanência do Grupo Especial.

X-9

A gigante e pioneira do Macuco veio para acordar o público, um tanto cansado pelas mornas apresentações que a antecederam. Verdadeira reserva moral do samba santista, a escola entrou “comendo o chão” com seu enredo que homenageava a vizinha cidade de Bertioga (que até 1991 foi um distrito de Santos). Fantasias insuperáveis no figurino e no acabamento, componentes explodindo de emoção e canto alto, foi o “chão” mais bonito do ano… mas a escola vacilou nas duas primeiras alegorias: o abre-alas pobre na execução e sem uma iluminação que o salvasse, e o segundo carro, mais parecendo um caixote. Quando a terceira alegoria despontou, representando uma iluminada comemoração de natal, já era tarde: o quesito estava comprometido. Outro senão está na evolução da escola: impecável e emocionante na primeira metade da pista, mas apresentando visíveis quebras no setor final da pista. No jargão dos sambistas, a X-9 “corre por fora”, ainda com chances de título, mas sem o favoritismo que Morros e União despertaram.

VILA MATHIAS

Com o enredo mais comentado de todo o pré-carnaval, a Vila Mathias viveu seus últimos meses entre seu discurso em prol do respeito à diversidade e os olhares de testa franzida, nariz e lábios torcidos de todos os que não engoliram a ideia de a escola fechar o carnaval de Santos com um enredo homenageando Dicesar, o transformista paranaense que dá vida à drag queen Dimmy Kier. O dia já clareava quando a escola despontou na passarela Drauzio da Cruz. Quem esperava um desfile “trash” e bagaceiro teve que aplaudir um desfile reverente, elegante e visualmente comportado. Borboletas e anjos abriram a narrativa do enredo “Sou Vila, sou diversidade, vou contar Dicesar, que felicidade… Adooogo!”, que mostrou a transformação de Dicesar na emblemática Dimmy Kier, um dos símbolos da noite paulistana na década de 90, sua participação no Big Brother Brasil e, sob os raios de sol, o arco-iris símbolo do movimento LGBT, na ala e no carro. Dicesar veio habillé, emocionado sobre o último carro. Dimmy Kier, seu personagem, veio encarnada em ninguém menos que o intérprete Chrystian Santos (se houver um prêmio de personalidade do ano, ele é o maior merecedor), magnífico no gogó e na cênica.

A apuração do carnaval de Santos acontece nesta terça-feira, 18 de fevereiro, a partir do meio-dia.

Botequim da SASP