A Imperador do Ipiranga usou suas redes sociais, na manhã desta segunda (14), para lançar seu enredo 2026, que a escola da zona sul desfilará pelo grupo de Acesso 2 do carnaval paulistano.
Com o título Berijóó, Inopí Doum – Ibeji, o enredo, segundo texto divulgado pela escola, não homenageia apenas santos católicos ou encantados da Umbanda — ela celebra um elo espiritual que une África e Brasil, terreiro e altar, infância e sabedoria, doçura e força ancestral.
Confira abaixo a logo do enredo, que será desenvolvido pelo carnavalesco Romulo Souza.
Confira abaixo o texto publicado pela escola:
A S.E.S. Imperador do Ipiranga, escola de samba forjada no chão sagrado da tradição e da luta, ergue seu pavilhão em honra à ancestralidade, à fé e à resistência cultural do povo brasileiro. Ao escolher os Ibejis como tema central do seu enredo, a Imperador não homenageia apenas santos católicos ou encantados da Umbanda — ela celebra um elo espiritual que une África e Brasil, terreiro e altar, infância e sabedoria, doçura e força ancestral.
A história dessa entidade, entrelaçada com a tradição iorubá, associado a presença de Cosme, Damião e Doum no catolicismo, é símbolo vivo do sincretismo religioso, estratégia de sobrevivência espiritual e afirmação de identidade de um povo que resistiu com fé à opressão e à escravidão. Através das figuras infantis, aparentemente ingênuas, esconde-se uma força divina que cura, equilibra e protege. Representar os Ibejis e os santos gêmeos é representar também o direito à liberdade de culto, à expressão cultural afro-brasileira e à preservação da infância como semente do futuro.
Para a Imperador do Ipiranga, uma escola de samba comprometida com a memória, a verdade e a ancestralidade, este enredo é mais que uma homenagem — é um ato de reverência aos fundamentos da Umbanda e das religiões de matriz africana, e também um chamado à tolerância e ao respeito entre diferentes formas de fé.
Ao levar para a avenida o encanto dos Ibejis, Doum, Cosme e Damião, com seus doces, suas cores, seus risos e seus mistérios, a Imperador reencanta o olhar do público e reafirma seu papel como voz de um povo que canta e samba para não esquecer de onde veio — e para onde vai.
Porque no Ipiranga também ecoa o grito de liberdade espiritual, e ele vem em tom de criança, com cheiro de pipoca, cor de bala e luz de orixá.