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Confira a sinopse do enredo da Rosas de Ouro 2021

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A Rosas de Ouro divulgou na noite deste sábado, 25  a sinopse do enredo Sanitatem, que a entidade levará para seu desfile de 2021.

O desfile da entidade será desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes, que fará sua estreia na aazul e rosa da zona norte. Confira abaixo a logomarca e a sinopse do tema, que irá falar sobre a busca da cura ao longo do tempo, aliada ao poder da fé.

 

SANITATEM

– Uma pequena conversa com Deus.

“Se eu quiser falar com Deus… 

[…] tenho que ter mãos vazias

ter a alma e o corpo nus…”

Olá, meu Deus! Como está?

Estranhando eu falar contigo agora, né?

Mas não estranhe, pois esta nossa conversa não é para fazer um pedido; vim aqui somente para te agradecer. Sei que a sua bênção e sua proteção eu sempre terei.

A minha voz é uma entre milhares, mas sei que você me ouve.

Sabe, meu Deus, passamos por momentos difíceis, os dias não foram fáceis, porém sei que já enfrentamos coisas parecidas algumas vezes e sempre conseguimos encontrar um caminho, uma solução.

Alguns dizem que é obra de Deus; outros dizem que é a ciência, e os mais sábios dizem que é tudo isso junto, porque a cura de nossos males está nas mãos, nas mentes, na alma e na fé.

Mas sabe como é… No sofrimento, somente a cura do mal interessa.

“Enquanto todo mundo

Espera a cura do mal

E a loucura finge

Que isso tudo é normal…”

Às vezes, eu gostaria de ser como você: um Deus! E sair por aí ajudando e curando os males das pessoas. Pois, enquanto estamos curando o outro, ao mesmo tempo estamos nos curando. Pois eu creio que somos um, mas juntos somos um todo e esse todo é que faz a diferença, que faz a energia vibrar mais forte. Afinal, o homem foi destinado à alegria e assim merece ser.

Eu queria me sentir um deus, um ser mitológico, um salvador, um orixá…, cercado de mistérios, segredos, carregando meus búzios e cabaças, levando comigo fé, milagre, perdão e cura.

“Wá To To A Jú Gbé Rò”.

“E o amor é a própria cura

Remédio pra qualquer mal

Cura o amado e quem ama

O diferente e o igual…”

Desde os tempos pré-históricos, o homem se preocupava em derrotar as doenças e enfrentar a morte. Este talvez seja o maior desafio da humanidade desde então. E esse desafio, seja ele corporal, espiritual, seja sobrenatural, vai encontrando semelhanças entre várias civilizações. Para vencer esse desafio foram estabelecidos ritos, cerimônias e práticas religiosas, nas quais a participação do indivíduo o libertava dos males.

Por meio de rituais extraordinários, o homem sempre procurou se tornar o mediador entre os deuses, a natureza e a si mesmo. Em alguns momentos, tornando-se a própria divindade.

Eu queria viajar no tempo, ser sacerdote, xamã, monge ou espírito-guardião. Percorrer templos e santuários. Assistir a cerimônias, sacrifícios, banhar-me em rios sagrados, brincar com o fogo, beber águas purificadas…

Queria dançar e cantar ao som de tambores e maracas, invocando o sobrenatural e, através de oferendas, viajar a outros mundos, buscar a liberdade… Ganhar a eternidade!

“… E toda raça então experimentará

Para todo mal a cura.”

Eu queria me libertar de mim, poder me transformar em outros; ser uma entidade, bruxo, mago, pajé, feiticeiro. Enfrentar e exorcizar demônios. Encantar e dominar seres mitológicos. Levitar. Entrar em êxtase! Afastar o mal. Caminhar com a ciência, a magia, a feitiçaria, a religião e a natureza. 

Abrir as florestas, desvendar seus encantos e descobrir seu “ÀŞẸ”. Cercar-me e proteger com fetiches, amuletos, patuás e encantamentos. Queria unir o real e a fantasia; o mágico e o bárbaro e materializar o invisível.

“Acima de todas as crenças, ela representa uma proteção

A fé que move montanhas independe de credo ou religião

O equilíbrio existe entre o bem e o mal…”

“O homem precisa da fé até para crer na razão.”

A fé está muito além dos verbos crer, confiar ou acreditar. Ela independe de religião. Ela é a certeza da verdade; é o inexplicável.

E com fé eu queria orar, tocar, benzer, abençoar e curar. A fé nos permite isso.

A fé permite até que falsos profetas vendam a cura, ofereçam “rituais mágicos” em troca de dinheiro. A falsa fé enriquece.

A fé “opera” milagres.

Caridade, amor e doação: a fé nos leva ao bem.

Com as mãos eu posso curar, independentemente de ser um rei, um plebeu ou um padre. É a Imposição das Mãos. É o Toque Régio.

Com as mãos eu posso benzer, “tornar santo”. É como uma prece poderosa, de força e caridade, pela fé!

Mãos unidas em oração, mãos que se fecham em torno de velas. As mãos seguem um ritual de fé que se transforma em um ritual de cura. E seguem procissões, romarias, teatro, música e dança. É a luta do bem contra o mal, e com fé o bem sempre triunfa.

Mas a fé também santifica. Ela traz o silêncio, a oração, a paciência e a união, pois “ninguém se salva sozinho”.

“[…] São Rafael, saúde dos doentes, rogai por nós…

[…] São Rafael, cujo nome significa cura, rogai por nós…

[…] São Rafael, repleto da graça da cura, rogai por nós…

[…] Amém…”

Desde o início, ciência e magia caminharam junto. Misticismo, segredo, religião, astrologia e ciência em um único objetivo: a cura!

Pela religião, veremos os orixás e pajés em rituais de folhas; a alquimia, em busca da imortalidade; a medicina, buscando solução para pestes e epidemias; os cientistas, em rituais solitários nos laboratórios em busca de vacinas e remédios. São outros tempos, outros “sacerdotes”, outros rituais. Inclusive rituais de alegria para espantar a tristeza e desesperança de quem está em um hospital.

Até que ponto se separa ciência e crença?

Diversas descobertas científicas mudaram a história da humanidade e vêm salvando muitas vidas.

O ritual da ciência usa outros métodos, entretanto a essência é a mesma: a fé.

A fé em Deus, a fé no homem e a fé em si.

Tudo é fé!

Afinal, a receita para a cura é… A cura!

“Pra que nossa esperança…

[…] seja mais que um caminho

que se deixa de herança.”

Sabe, meu Deus, lá no início quando eu disse que queria ser como você é porque eu também queria ser onipresente, estar pertinho abraçando cada cientista, cada médico e cada enfermeiro que lutam bravamente para curar o próximo.

Curar é um ato de amor! É esperança!

E que cada abraço tenha um desejo de: não desista!

Pois nós, sambistas, não desistiremos, afinal o carnaval é um ritual que cura os males… Os males da alma!

E agora, eu posso ver minha Roseira novamente em flor, desabrochando, feliz!

E como forma de agradecimento, deixo para você, meu Deus, uma Rosa.

Porque “Rosas” é a mais linda flor.

Venha conhecer!

Amém!

Paulo Menezes

em nome de toda a Nação Azul e Rosa.

 

Botequim da SASP