Poucas escolas tem a essência da raiz negra como o Vai-Vai. Raiz essa que já arrastou multidões com enredos e sambas avassaladores que ecoaram por todo o Anhembi. Mas hoje, em seu segundo ensaio, faltou um pouco dessa essência. Passou pela passarela uma agremiação correta demais, diferente do que se espera da “escola do povo”. Não que isso seja um erro, mas se tratando de Vai-Vai, é essencial ver seu componente solto e com vontade de brincar carnaval. Fato que acontece desde quando ainda nem era escola de samba e sim cordão.
Apesar de um início preocupante com dois grandes buracos, um entre a comissão de frente e a primeira ala e outro entre o casal e a ala seguinte, os diretores de harmonia souberam se reorganizar e colocaram a evolução da escola nos eixos.
O nome do ensaio nessa noite foi Grazzi Brasil. A cantora oficial vive sem dúvida seu melhor momento. Ao lado do carro de som levou o samba com muita categoria. Quem também se destacou foi a bateria Pegada de Macaco. Com andamento diferente de qualquer escola do mundo, caixas vazadas tocadas embaixo, repeniques diferenciados e outras características únicas, os ritmistas conduziram o belo samba com qualidade da concentração a dispersão.
Num conjunto geral foi um belo ensaio do Vai-Vai. Com desejo de voltar a ganhar carnaval, a escola mostrou que está disposta a se reinventar caso seja preciso. Mas vale a pena mudar sua característica e desfilar com regulamento debaixo do braço para ser campeã novamente? O Vai-Vai tem mais um ensaio técnico antes do desfile para decidir isso. A partir daí saberemos se o carnaval moderno venceu ou se a escola do povo ainda se encontra com sua raiz.
A comunidade da Bela Vista é a quarta a se apresentar no Anhembi no sábado de carnaval. Com o enredo “Vai-Vai: Quilombo do futuro” a escola busca seu décimo sexto título do grupo especial.
