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Conheça o enredo da Mocidade Unida da Mooca

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A Mocidade Unida da Mocca divulgou neste domingo, dia 5, o enredo que levará para seu desfile de 2023, quando buscará o título do grupo de Acesso.

O enredo O Santo Negro da Liberdade, contará a história de Francisco José das Chagas, popularmente conhecido como Chaguinhas, um soldado negro da época do Império, que foi condenado a morte após liderar uma revolta contra a desigualdade entre os soldados portugueses e brasileiros, que lutavam juntos, mas os europeus tinham muitas vantagens a mais. 

Sua fama veio a partir do dia de sua execução, ocorrida em 20 de setembro de 1821, quando foi levado pra uma forca no Largo da Liberdade (hoje a praça). Colocaram um laço em torno do pescoço dele. Fizeram o palanque abrir. A corda arrebentou. Isso aconteceu mais uma vez e fez com que a multidão grita-se Liberdade, suplicando pela vida do soldado. Houve uma terceira tentativa e mesmo a corda não estourando, Chaguinhas sobreviveu e assim, acabou sendo morto a pautadas pelos carrascos do Império.

A execução causou comoção na Liberdade. Os cidadão, então, resolveram prestar uma homenagem a ele. Fincaram uma cruz no lugar onde antes estava sua forca, e acenderam centenas de velas – que, algumas pessoas juram, não apagavam nem com fogo ou vento. Atualmente, no local da execução existe a  Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados.

Confira abaixo a logomarca:

CONFIRA A SINOPSE

SANTO NEGRO DA LIBERDADE

I
Sou mais um filho da noite, sangue preto do Brasil
Sem chibata e sem açoite, recusei-me a ser servil
O mais bravo dos soldados, entre fuzis e canhões
A voz dos injustiçados ante as submissões
Santo nome, santa praia, brasileiros em batalha
Contra o jugo e a tirania, resistência nunca falha
Há mais de duzentos anos, o meu grito ecoou
Este chão não é escravo, este chão não tem senhor


II
No velho Bairro da Pólvora, ia e vinha muita gente
Parada dos viajantes, suplício dos penitentes
Diante da opressão, viu-se a corda arrebentada
Liberdade! Por três vezes, como Cristo, foi negada
Do grito daquele povo, o meu sonho se espraiou
Pro lugar, um nome novo, liberdade já raiou?
Mesmo por aquelas bandas sendo Pedro coroado
Aprender a liberdade nunca nos foi ensinado


III
Minha gente da Capela, agradeço a devoção
Pela reza mais sincera, pois a fé não tem prisão
Sobre o negro cemitério, a metrópole se ergueu
Entre histórias e mistérios, o meu nome, se esqueceu
Eu envergo, mas não tombo, santo negro foi quem disse
Para um novo quilombo ser bordado por Eunice
Entre festa, canto, dança e a reza dos fiéis
Os retalhos se encontram na Rua do Lavapés

IV
Para o povo que se une nesta negra procissão
Eu derramo minha benção e deixo minha lição:
Resistência, se levante, que é hora de lutar!Pela voz dos excluídos, liberdade há de raiar!
Se a cidade nos sufoca, rabiscamos sua imagem
Onde é negra a história e é branca a paisagem
Itamares, Carolinas, Adhemares e Geraldos
Hão de ver brilhar Eunice e queimar o Borba Gato!

V
Não esqueça o passado, minha chama não se apaga
Eis meu nome e meu legado: Francisco José das Chagas
Pela sua liberdade, eu paguei com minha vida
Com os devotos da Capela, vou cantar a despedida:
“Estou enterrado na Rua da Glória,
Lembre de mim se passar por ali
Sou fato oculto da sua história
Mas veja, ainda estou aqui!”

Pesquisa, texto e desenvolvimento:
Caio Araújo, Wallacy Vinícios e Willian Tadeu

Ideia original:
Guilherme Cruz e Thiago SP

Botequim da SASP