Home > Escolas de Samba > Barroca Zona Sul > Enredos 2025 – Os Nove Oruns de Iansã! Conheça o tema da Barroca Zona Sul

Enredos 2025 – Os Nove Oruns de Iansã! Conheça o tema da Barroca Zona Sul

Pavilhão do Enredo 2025 da Barroca Zona Sul

Por Lucas Malagone 

Dando sequência à nossa série sobre os enredos do Carnaval 2025, hoje vamos falar sobre o enredo da Faculdade do Samba, a Barroca Zona Sul!

Nona colocada no Carnaval do ano passado, a escola continua apostando em enredos fortes, impactantes e fora do comum desde que voltou à elite. Já falou sobre Tereza de Benguela, Zé Pilintra, Guaicurus e, agora, traz a história da orixá dos ventos, Iansã. Com o título “Os Nove Oruns de Iansã“, a escola pretende contar sobre a orixá, seus mitos, lendas e seu destino na Terra. Além disso, 2025 é considerado o ano dela, de acordo com as religiões de matriz africana.

Para entender melhor o enredo, precisamos primeiro conhecer Iansã. Ela é filha de Iemanjá e Oxalá e possui como irmãos Oxum, Obá e Oxóssi. Deusa obstinada e corajosa, tem dois maridos: Ogum, o caçador, e Xangô, o senhor do fogo. Com seus dois esposos, aproximou-se das batalhas, tornando-se uma iabá (orixá feminino) associada à guerra. Também conhecida como Oyá, é a senhora das tempestades, dos raios e trovões. Muitos a procuram em momentos de turbulência para buscar orientação e guia.

Seu nome, Oyá, surgiu de um rio na Nigéria onde se originou seu culto, atualmente chamado de rio Níger. Já a nomenclatura Iansã significa “mãe do céu rosado” ou “mãe do entardecer”. Xangô a chamava assim por considerá-la radiante como o entardecer. Assim como Nanã e Obaluaê, Iansã está ligada ao culto dos mortos, os Eguns. No entanto, ao contrário deles, Oyá não determina a vida ou a morte; sua função é guiar e conduzir o espírito desde seu desprendimento do corpo até um dos nove Orùns, de acordo com as orientações e julgamento de Olodumaré.

Iansã cuida da harmonia entre o mundo material e espiritual, controlando o equilíbrio entre o bem e o mal. São nove Oruns, nove céus sagrados! Locais onde habitam Oxalá, os orixás e outros encantados. Iansã sempre chega ao primeiro Orun com a força do vento. É nele que o Deus Maior faz o seu julgamento. Lá pode ser o final ou o ponto de partida, tudo depende das ações que se teve em vida. Aquele que sempre foi justo com todo tipo de gente, na luz do Orun reservado aos generosos, ficará para sempre.

É com base nessa mitologia que o enredo será desenvolvido. Assinado pelo experiente Pedro Magoo, a escola apresentará os nove Oruns, ou seja, os nove reinos de Iansã. Primeiramente, a escola introduzirá a deusa e, em seguida, cada setor abordará um Orun, contando a saga de Iansã ao guiar os espíritos para esses céus sagrados, explicando e apresentando cada um deles ao público.

Carnavalesco Pedro Alexandre Maggo durante o ensaio técnico da escola (Felipe Araúji/ Liga Carnaval SP)

Os nove Oruns são:

  • Orum Rerê: Espaço reservado para aqueles que foram bons durante a vida.
  • Orum Alafiá (Alàáfià): Local de paz e tranquilidade, reservado para pessoas de gênio brando, pacíficas e bondosas.
  • Orum Funfum: Destinado aos inocentes, sinceros e aqueles com pureza de sentimentos e intenções.
  • Orum Babá Eni: Reservado para grandes sacerdotes e sacerdotisas, Babalorixás, Ialorixás, Ogãs, Equedes, etc.
  • Orum Afefé: Local de oportunidades e correção para os espíritos, com possibilidade de reencarnação e retorno ao Aiê.
  • Orum Isolu ou Asalu (Àsàlú): Local de julgamento por Olodumarê, onde é decidido o destino do espírito.
  • Orum Apadi: Reservado para espíritos impossíveis de serem reparados.
  • Orum Burucu: Espaço ruim, “quente como pimenta”, destinado às pessoas más.
  • Orum Marê: Espaço reservado aos supremos em qualidades e feitos, incluindo Olodumarê, Olorum, os orixás e divinizados.

Cada reino será representado por um setor da escola, destacando a importância de Iansã no papel de guiar os espíritos que se desprendem da Terra e encontram seu caminho em um desses Oruns.

Além de apresentar os reinos, a escola pretende exaltar a Orixá Iansã, sua mitologia, crenças e forças. Como mostra a própria sinopse da escola, vemos aqui as principais características da orixá e como, com sua sabedoria, bondade e justiça, conquistou o deus maior Obaluaê, ficando encarregada dos nove Oruns.

“Essa é Oyá! Livre, em constante movimento e sedutora, arrebatou o coração de Logun Edé, que a fez uma exímia pescadora. Dentre todas as paixões, uma jamais será esquecida, o poderoso Rei Xangô foi o grande amor da sua vida. Guerreiros, o casal se completava, Xangô usava a justiça e Iansã, no vento, a espalhava.”

A escola trará para a avenida uma narrativa que, embora considerada complexa, será apresentada com leveza e alegria. A beleza do Carnaval está exatamente nisso: levar histórias, crenças e mitologias a espaços onde nunca foram antes. A Barroca Zona Sul promete trazer os nove reinos para a avenida com a força dos ventos de Iansã e com o apoio da sua comunidade, que abraçou esse enredo desde o início. Como o próprio carnavalesco disse em entrevista recente, poderia passar meses, até anos, falando apenas sobre a riqueza e nuances desse tema. Com fé e dedicação, a escola almeja voos mais altos neste Carnaval.

Ouça o samba da escola:

Botequim da SASP

One thought on “Enredos 2025 – Os Nove Oruns de Iansã! Conheça o tema da Barroca Zona Sul

Comments are closed.