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Enredos 2025 – Veja os detalhes da homenagem do Camisa ao cantor e compositor Cazuza

Pavilhão do enredo de 2025 do Camisa Verde e Branco

Por Lucas Malagone

Dando sequência à nossa série sobre os enredos do Grupo Especial para o Carnaval 2025, hoje falaremos um pouco sobre o tema do Camisa Verde e Branco para este ano.

Após seu retorno à elite do samba paulistano no último ano, o Trevo da Barra Funda busca novamente se firmar no Grupo Especial homenageando o grande poeta e músico Cazuza, com o enredo “O Tempo Não Para! Cazuza – O Poeta Vive”, originalmente assinado pelo carnavalesco Cahê Rodrigues. No entanto, devido a questões pessoais, Cahê se afastou da entidade, e o projeto agora segue sob a liderança de Leonardo Cattapreta. A escola pretende reverenciar a obra, a vida e o legado deixado por Agenor de Miranda Araújo Neto, nome de batismo de Cazuza.

Com a bênção de sua família, especialmente de sua mãe, Lucinha Araújo, que participa ativamente do desenvolvimento do tema, a escola deseja prestar uma grande homenagem ao poeta e à sua contribuição, não apenas para a música, mas também para a cultura brasileira. Por isso, a frase “O Poeta Vive” foi incluída no título do enredo, reforçando a ideia de que, mesmo após 35 anos de sua morte, seu legado continua vivo no imaginário popular e segue extremamente atual diante do contexto do mundo contemporâneo.

A história de Cazuza começou em 1958, no Rio de Janeiro. Desde pequeno, sua paixão era a poesia, escrevendo versos para expressar seus sentimentos. Sua família sempre esteve muito ligada à música, influenciada por seu pai, o produtor musical João Araújo, o que lhe proporcionou contato direto com grandes nomes da música brasileira, como Caetano Veloso, Elis Regina, Gal Costa, Gilberto Gil, João Gilberto e o grupo Novos Baianos, entre outros. Já sua mãe, dona Lucinha, também cantava e chegou a gravar três discos.

Em 1980, Cazuza passou a integrar o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, conhecido pelo tom anárquico e crítico de suas peças, muitas delas encenadas no Circo Voador, uma histórica casa de espetáculos carioca. Foi nessa época que ele cantou em público pela primeira vez. Indicado por Léo Jaime, passou a integrar uma banda de garagem que, pouco tempo depois, se tornaria o Barão Vermelho, onde formou uma das parcerias mais icônicas do rock nacional ao lado de Roberto Frejat. Permaneceu na banda até 1985, quando, já consagrado como um dos grandes cantores do momento, partiu para a carreira solo em busca da liberdade artística e de expressão que tanto desejava.

Seus shows eram sempre com lotação máxima, tornando-o um dos maiores fenômenos musicais que o Brasil já presenciou. Lançou hit atrás de hit, incluindo sucessos como “Exagerado”, “Brasil” e “Faz Parte do Meu Show”. Em 1989, seu espetáculo musical foi dirigido por Ney Matogrosso. No mesmo ano, lançou o álbum “O Tempo Não Para”, que vendeu mais de 1,8 milhão de cópias. Foi nesse período, no auge da carreira, que Cazuza revelou ao público que havia contraído HIV, doença ainda cercada de preconceito e tabu na sociedade da época. Ele se tornou um dos principais porta-vozes da causa, falando abertamente sobre sua condição. Cazuza faleceu em 7 de julho de 1990, deixando uma legião de fãs e um legado imortal.

Em apenas dez anos de carreira, Cazuza deixou 126 canções gravadas, sendo 78 inéditas e 34 compostas para outros intérpretes. Sua obra foi e continua sendo reinterpretada por diversos artistas brasileiros, nos mais variados estilos musicais. Em 1999, a gravadora Som Livre realizou o show Tributo a Cazuza, posteriormente lançado em CD e DVD, com a participação de Ney Matogrosso, Barão Vermelho, Engenheiros do Hawaii, Kid Abelha, Zélia Duncan, Sandra de Sá, Arnaldo Antunes e Leoni. No ano seguinte, foi apresentado no Rio de Janeiro e em São Paulo o musical Cazas de Cazuza, escrito e dirigido por Rodrigo Pitta, baseado nas canções do artista.

Assim, o Camisa Verde e Branco pretende contar a trajetória do poeta mergulhando em suas músicas, retratando suas inspirações, sua rebeldia inconfundível – marcada pela icônica faixa na cabeça –, seus amores e a importância fundamental de sua mãe, Lucinha Araújo, na preservação de seu legado.

A escola encerrará os desfiles da primeira noite do Grupo Especial, no dia 28 de fevereiro, e pretende aproveitar seu horário para fazer o “dia nascer feliz” no Sambódromo do Anhembi. Com isso, o Trevo busca conquistar novamente o título do Grupo Especial, algo que não acontece desde 1993.

Confira o samba da escola:

Botequim da SASP