Em 2019, a Gaviões da Fiel levou para seu desfile no grupo Especial o enredo A Saliva do Santo e o Veneno da Serpente, que originalmente foi enredo em 1994 e a entidade trouxe de volta ao Anhembi, conquistando a nona colocação. Um dos momentos mais impactantes do desfile, foi a comissão de frente, que na época era comandada por Edgar Junior. O grupo apresentou o duelo entre o bem e o mal, que uma encenação marcante, que mostrava o triunfo de Jesus, que rendeu para a escola o prêmio SASP Carnaval como melhor comissão do ano.
Porém, a apresentação gerou críticas de diversas entidades religiosas, que erroneamente, não entenderam o contexto da encenação. Uma delas, a Liga Cristã Mundial, entrou com uma ação judicial contra a escola da torcida do Corinthians, pedindo uma indenização de R$ 5 milhões de reais, por danos morais, já que considerou a apresentação da comissão uma blasfêmia.
Após mais de 1 ano, na última semana, a juíza Camila Rodrigues Borges de Azevedo, da 19ª Vara Civil de SP, julgou improcedente a Ação Civil Pública. Em sua decisão, a juíza afirmou que “a expressão artística não pode estar condicionada ou limitada às representações tal como pré-estabelecidas por outrem”, uma vez que tal limitação é incompatível com a expressão da arte. Além disso, explicou que “é da essência das produções artísticas encerrar em si o questionamento, a dúvida, a crítica e a subversão”.
Em nota, a escola comemorou o resultado. “Reafirmamos o nosso respeito as diferentes religiões e que todas as pessoas que frequentam os Gaviões foram e serão sempre respeitadas, sem distinção, discriminação e diferenciação por suas escolhas religiosas”.
Ao concluir seu voto, a magistrada explicou que a proteção à religiosidade deve se dar de maneira objetiva, quando se trata de garantir a liberdade de culto ou de banir discursos de ódio, o que não é o caso do desfile da Gaviões da Fiel.
