*Por Carol Guerrero
Pode parecer que não, mas gestão de pessoas é gestão de pessoas em qualquer lugar. Ninguém faz isso sem Comunicação, sem saber ouvir e falar. Em uma grande empresa ou em uma escola de samba um bom gestor precisa saber olhar para as pessoas, entendê-las e ter uma percepção diferente para cada uma delas. Claro que as diretrizes precisam ser unificadas, mas no dia a dia as necessidades são distintas.
Como foi gostoso ouvir o Eduardo Santos, presidente da Tatuapé, ao final da apuração, afirmar que seu primeiro casal continuaria na escola, independente das notas.
O que é esperado de um profissional que trabalha no barracão, dança na Avenida ou responde pela Harmonia da escola? Performance e nota? Perfil e estilo? Do que exatamente estamos falando? O que estamos buscando? Será que os presidentes e diretores das nossas agremiações têm essas respostas?
Fulano saiu daqui e vai pra lá. A vaga lá era do Ciclano que agora está na agremiação “X”, mas antes estava quase indo para o lugar do Beltrano na escola “Y”. Quase sem amor, quase sem dor, quase sem pudor. Eu entendo as pessoas serem profissionais do Carnaval, mas os presidentes e diretorias estão preparados para isso?
Pesquisas de RH afirmam que uma alta rotatividade tem um impacto direto no desempenho do negócio, seja ele qual for. Trazendo para o nosso mundo, essa ampla dança das cadeiras não beneficia ninguém. Tenhamos como exemplo também a bateria da Gaviões da Fiel, que há quase duas décadas tem a mesma base de pessoas e a há anos garante a nota 30.
As escolas precisam investir em processos concretos de contratação. Conversem, peçam indicação, entrem em contato com o último empregador, avaliem se o perfil tem “fit” com a linha de pensamento da agremiação, com a história. Entendam quem é esse profissional, a disponibilidade dele para o trabalho, o que ele quer para um futuro próximo e um futuro distante. Faça testes como em qualquer outro processo de seleção. Tenha mais de uma carta na manga e estude sobre aquela área de atuação para conseguir extrair o melhor desse futuro colaborador.
Tracem planos juntos, ninguém quer ficar estagnado em qualquer carreira. Abram o jogo! Jogo aberto e transparente é bom em qualquer relacionamento. Ambos precisam se sentir seguros, alinhar expectativas, valores, metas e regras. Tenham feedbacks constantes e corrijam rotas antes que ela se tornem um grande impasse.
Faça a sua parte para que dê certo, independente do lado que esteja! Quando um profissional deixa sua cadeira, toda a cadeia produtiva de uma escola de samba sofre. Toda saída gera um desgaste com quem fica e com quem sai. A comunidade e o pavilhão sentem.
Invistam em pessoas, invistam em conversas, invistam no futuro da agremiação. Profissionais bons e capacitados serão sempre disputados. Cultive sua escola para que os melhores talentos queiram trabalhar com você. Inspire e valorize. Coisa boa atrai coisa boa e no mercado de trabalho e no ambiente das escolas não é diferente. A vida é assim! Assuma o seu lugar nesta relação de inspiração e colha bons frutos de tudo isso!
*Carol Guerrero, jornalista, integrante da SASP e apaixonada pelo carnaval de São Paulo.
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