Por Lucas Malagone
Foto: Felipe Araujo/LIGA-SP
Dando sequência aos enredos do Grupo Especial, hoje vamos mergulhar no enredo da Mancha Verde para 2025! Presente entre as campeãs desde 2018, a escola busca seu terceiro título abordando o povo baiano e sua religiosidade, com o enredo “Bahia – Da Fé ao Profano”, desenvolvido por uma comissão de carnaval. A inspiração vem da série documental de Gastão Netto, de mesmo nome, disponível na plataforma Globoplay.
A Bahia é conhecida por sua enorme religiosidade. Ali estão presentes grandes festas da cultura brasileira, como o Carnaval. Além de ser o berço das religiões de matriz africana, é também um estado vibrante, marcado pela dança, bebida, comida e alegria. O desfile da Mancha Verde buscará explorar justamente essa dualidade: como a fé e o ato de profanar caminham lado a lado em um estado com uma religiosidade tão viva. O enredo também destacará a riqueza cultural e histórica da Bahia, ressaltando sua importância para a identidade brasileira.
Mas o que seria fé e o que seria profanar? A própria escola responde em sua sinopse oficial:
“Para a Mancha Verde, fé é aquilo que nos fez acreditar que poderíamos ter chegado até aqui.
Fé é o que nos move, o que nos faz resilientes. Fé em nossos Orixás, em Iemanjá, Iansã ou Santa Bárbara. Fé em Bom Jesus dos Navegantes, em Oxalá ou Senhor do Bonfim. Na nossa essência, fé em nossa Mãe Aparecida. Nós somos intensos, acertamos e erramos, rezamos e profanamos, e é a fé que nos equilibra.
Para a Mancha Verde, profanar é aproveitar de forma irreverente o que a vida nos proporciona.
Curtir, se afirmar, amar, beber, comer, dançar, sensualizar – enfim, equilibrar as coisas sérias com as coisas divertidas que a existência nos permite.”
A escola abordará em seu desfile as principais festas religiosas da Bahia, como a do Senhor do Bonfim, Iemanjá, São Bartolomeu no Recôncavo, Bom Jesus dos Navegantes e Santa Bárbara. Um dos pontos centrais do enredo será a maneira como o povo baiano se embeleza para celebrar sua fé: eles capricham nas vestimentas e enfeites, primeiro para respeitar seus ritos, orações e danças e, em seguida, para festejar nos bares, ruas, baladas e trios elétricos. O desfile mostrará como essas festas tradicionais unem o sagrado e o profano, pois, após os rituais religiosos, a celebração continua com muita música, bebida e dança. O povo baiano é extremamente fiel às suas crenças – sejam elas católicas, evangélicas ou de matriz africana –, mas também promove um dos maiores carnavais do mundo, com trios elétricos e grandes nomes da música baiana.
“Para a Mancha Verde, todas as pessoas têm o direito de buscar sua beleza. Tem gente que se embeleza para ir à missa, ao culto, ao terreiro, para professar sua fé. Tem gente que se embeleza para curtir, dançar, brincar, seduzir. Todos buscam, assim, se realizar e se afirmar. Todos buscam encontrar a beleza da vida e a felicidade.”
Outro ponto presente no enredo são as origens das festas baianas, que estão fortemente ligadas às religiões de matriz africana. Os orixás terão um papel fundamental na narrativa, mostrando como essas celebrações evoluíram ao longo das décadas sem perder sua essência. A cultura baiana será representada de forma vibrante, destacando sua conexão com a fé e com o ato de profanar – ou seja, de festejar. A presença de ingredientes icônicos da cozinha baiana também será retratada, devido à sua importância cultural e simbólica. Entre eles, estarão a pimenta, o dendê, o acarajé, a cachaça e o vinho – elementos que, quando reunidos, tornam-se oferendas aos orixás.
Os principais pontos turísticos da Bahia, especialmente de Salvador, também estarão no desfile, como o Pelourinho e o Mercado Modelo. O Mercado terá destaque especial quando a escola abordar os orixás, já que é um local onde se encontram diversos itens ligados a essas religiões. Iemanjá será reverenciada com destaque, pois sua festa reúne milhares de fiéis que viajam até a Bahia para homenageá-la e fazer oferendas. E, claro, as tradicionais fitinhas do Senhor do Bonfim terão presença garantida na avenida.
O terceiro setor da escola será dedicado à dança e aos “corpos sagrados em movimento”. Serão homenageadas algumas danças tradicionais da cultura baiana, como a dança do caboclo, o maculelê e a capoeira. Também terão destaque o Balé Malê Debalê, maior balé afro do mundo, com influência do candomblé, e as procissões católicas que percorrem as ruas da Bahia.
O último setor do enredo abordará os sons ancestrais, destacando o Olodum, um dos maiores movimentos musicais do mundo, que desce as ruas do Pelourinho com seus tambores a cada Carnaval. Além de sua importância musical, o Olodum é um símbolo de resistência e afirmação cultural. A Timbalada também será lembrada, junto de um de seus fundadores, Carlinhos Brown. O desfile trará ainda referências ao axé, ao pagode baiano e à guitarra elétrica, culminando em uma grande festa musical repleta de dança, fé e alegria. O encerramento será apoteótico, com um super trio elétrico conduzido pelo maior símbolo da escola, o Manchão.
“Se ouvem os ritmos ancestrais africanos, marcados pelo toque dos
atabaques, misturando-se ao canto gregoriano que surge das igrejas da cidade,
ao axé do Carnaval, ao pagodão baiano e ao eletrônico e sistêmico som dos
paredões que brotam da periferia. Expressões que se renovam a cada dia, nesse lugar de fé, sagrado e profano, que é Salvador e a Bahia.”
Assim, a Mancha Verde busca voltar ao topo do Carnaval. Sendo uma escola que sempre soube se reinventar e demonstrar garra, nada melhor do que falar de fé e alegria. Afinal, é isso que a escola deseja transmitir na avenida: a energia de descer o Pelô e transformar o Anhembi em um grande templo de celebração, em busca da sua terceira estrela.
Confira o clipe oficial de 2025 da Mancha Verde aqui.
One thought on “Enredos 2025 – Entre a fé e o profano, Mancha exalta a Bahia na busca por seu terceiro título”
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