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Mancha Verde leva mensagem de amor para a passarela do samba

A escola de samba Mancha Verde – quarta escola a entrar na avenida já na madrugada do sábado (22) – cumpriu à risca a missão de levar a mensagem de amor e paz proposta no enredo Pai, perdoai! Eles não sabem o que fazem.

Entrando na pista do Anhembi com quase uma hora de atraso – devido à problemas na dispersão da Dragões da Real, que desfilou anteriormente – a agremiação da Barra Funda trouxe fantasias luxuosas e alegorias deslumbrantes para defender o bicampeonato no Carnaval 2020.

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A bateria Puro Balanço levantou as arquibancadas, que interagiram com o desfile através de bandeirões estendidos sobre a torcida da escola – presente em grande número no sambódromo. A ala musical trouxe a sobreposição de vozes – pouco usada em sambas-enredo, mas eficaz para a proposta da escola, e deu o tom da animação dos componentes, que cantaram a plenos pulmões durante toda a passagem da escola.

Com o tempo precisando ser cronometrado manualmente após a queda de energia, a Mancha enfrentou alguns problemas na movimentação dos carros no portão de saída, mas finalizou sua passagem com 64 minutos no relógio. Para o carnavalesco Jorge Freitas, que concedeu entrevista para a equipe da SASP após o término do desfile, a demora no começo não atrapalhou o andamento da agremiação.

“Tivemos que aquecer a escola novamente e isso poderia ter prejudicado, mas fizemos um desfile compacto e, pela situação, superamos bem as expectativas. Foi o meu primeiro carnaval com movimento e estou muito satisfeito. Acredito que todos que estavam no Anhembi apreciaram a passagem da Mancha”, avaliou Jorge.

PRIMEIRO SETOR

Levando para a Passarela do Samba o enredo Pai, perdoai! Eles não sabem o que fazem, a Mancha Verde iniciou seu desfile propondo uma reflexão sobre a forma com que a sociedade se desenvolveu e chegou à era contemporânea, tendo como pano de fundo nesse contexto a religiosidade e a história de Jesus Cristo. Com a comissão de frente trajada de monges carnavalizados e acompanhados pela figura de Maria, a escola saudou o público e apresentou seu cortejo com os arautos do sagrado coração, que clamaram o perdão por toda a humanidade. O elemento alegórico presente representou o altar do sagrado coração de Jesus.

Seguindo os primeiros movimentos na avenida, a agremiação trouxe uma ala de anjos, que seguiram a estrela guia e os passos do ser divino e remeteram ao Natal e ao nascimento do salvador. Passando o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, o carro abre-alas surgiu, assim, trazendo a encarnação da comemoração natalina e o questionamento: festa ou devoção?

SEGUNDO SETOR

A segunda parte da passada da Mancha pelo Anhembi expressou a origem do mal e a maldade do ser humano. Representando as ações da traição de Judas e a crueldade dos sacerdotes romanos – estes simbolizados pela bateria Puro Balanço – a escola advertiu para os questionamentos da fé, colocando as baianas como o fruto proibido que fez os homens caírem em tentação. Na sequência, alguns dos pecados capitais foram referenciados com alusões à injustiça, à vaidade e à ganância do poder financeiro, além da indisciplina e do corrompimento da alma. A contradição do homem, ora com sua face angelical, ora com a demoníaca, foi sintetizada no segundo carro alegórico, que veio materializando a facilidade humana de transitar entre o bem e mal.

TERCEIRO SETOR

Com a terceira seção, a Mancha passou a atentar para os momentos de bondade vividos pela sociedade, como a luta por igualdade de direitos e a defesa de princípios. Aqui, apareceram citações a Organização das Nações Unidas, a superação de dogmas “medievais” – como homens vestirem azul e mulheres vestirem rosa – além da exaltação de personagens como Maria da Penha, que fizeram valer o desejo e a vontade de Deus. A primavera feminista veio simbolizada pelo segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira e a busca por justiça foi a temática predominante na terceira alegoria, que trouxe a representação da balança e da Guardiã.

QUARTO SETOR

Se inspirando nas dificuldades vividas por Jesus, a Mancha trouxe para o quarto trecho elementos históricos como a inquisição, a discordância dos preceitos de Deus em organizações como a Ku Klux Klan – que disseminavam o ódio e o racismo – e o surgimento de ideologias extremistas da superioridade entre raças, além da destruição da natureza pelo fogo. A morte veio simbolizando a consequência das ações do homem e a ideia de “maldade como herança” apareceu na alegoria por meio de esculturas de esqueletos e caveiras estilizados e fechou o setor.

QUINTO SETOR

Finalizando o desfile, a Mancha Verde ressignificou a positividade do momento da ressurreição de Cristo e carregou pela pista a vastidão da criação e a beleza do mundo, trazendo a contemplação do sol e da lua, do céu, do mar e a harmonia do homem com os animais e a natureza.

O último carro, que encerrou o desfile da escola, representou a mãe natureza através de uma grande escultura e carregou também a ala mirim, expressando o elo da pureza infantil com o meio ambiente. A finalização vem com a ideia de que “só o amor pode curar o mundo”, repercutindo um trecho do samba-enredo.

Botequim da SASP