Home > Carnavais > Carnaval 2018 > Por dentro dos Enredos: Nenê e sua epopeia africana para voltar ao Grupo Especial

Por dentro dos Enredos: Nenê e sua epopeia africana para voltar ao Grupo Especial

Spread the love

Na nona reportagem da série “Por dentro dos Enredos“, vamos conhecer um pouco mais sobre o que a Nenê de Vila Matilde levará para a Avenida no próximo carnaval. Rebaixada do Grupo Especial em 2017 em uma homenagem a Curitiba, a Azul e Branca da Vila Matilde irá buscar o retorno à elite do carnaval paulistano apostando na força das raízes africanas, que por muitos anos foi a identidade da agremiação.

Com o recém-contratado carnavalesco Lucas Pinto, a Nenê irá apresentar no carnaval do Acesso a defesa da tese cultural da história da luta e da perpetuação e glória dos cultos africanos no Brasil. Conforme exposto pela sinopse da agremiação, a finalidade do enredo da Águia Guerreira da Zona Leste é contar a epopeia de uma deusa do panteão dos orixás africanos – no caso, Iemanjá.

A promessa da Nenê é apresentar através da história de Iemanjá, o processo de aceitação do culto aos orixás africanos no Brasil. Símbolo da fertilidade, a figura de Iemanjá estará ligada a uma mulher de seios muito fartos, o que será retratado no desfile da agremiação. O trato feito entre Iemanjá e Okere rei de Xaki, para que ele não tecesse comentários sobre os seios fartos, e a quebra do acordo e a consequente fuga da deusa será lembrado no desfile da Azul e Branca. Na fuga, Iemanjá deixa cair o jarro, ofertado por Olokum, que acaba por se transformar em um rio que a transporta para o mar, local onde ela permanece negando o retorno à terra firme.

Na sequência, a presença da imagem de Iemanjá nas senzalas onde escravos, negros e indígenas, eram açoitados. A pajelança entre negros e índios e a descoberta das semelhanças entre Iemanjá e Iara será retratada, bem como a fusão de culturas e cultos que posteriormente ocorreu com a imposição do homem branco colonizador.

O surgimento do “mito” Janaina, que como conta a lenda teria sido a primeira a avistar a chegada dos navios colonizadores às terras tupiniquins, também será retratado no desfile da Azul e Branca. O sincretismo com Nossa Senhora dos Navegantes e suas muitas denominações: Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Boa Viagem, Nossa Senhora da Boa Esperança e Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora da Esperança, Nossa Senhora da Glória e Nossa Senhora da Conceição serão apresentados no desfile da Nenê.

Por fim, a ligação da cultura africana com a Umbanda brasileira e a lenda do Abaeté, que dizia que homens casados não deviam rondar a lagoa sob pena de serem seduzidos pelo canto de Iracema que, tornada sereia, habita o mais profundo das águas. Mas esta não é a única versão: para outros, a Lagoa é a morada de Iemanjá/Iara, que tem ali o seu reino.

Com o enredo “A epopeia de uma Deusa africana”, desenvolvido pelo carnavalesco Lucas Pinto, a Nenê de Vila Matilde será a terceira escola a desfilar no domingo de carnaval, no Sambódromo do Anhembi.

Na próxima quarta-feira, 1, a série “Por dentro dos Enredos” continua. Será a vez de conhecer um pouco mais sobre o que a X-9 Paulistanalevará para a Avenida no próximo carnaval.

Botequim da SASP