A poesia PRECISA passar aqui nesse sagrado espaço popular para celebrar Elza!
A tristeza nos tocou, mas deixo aqui a louvação ao tamanho dessa mulher e todo seu legado.
Estamos aqui também por causa dela. Estamos aqui porque ela sempre foi a voz que não se calou.
Obrigado por tudo e por TANTO, rainha Elza!
É festa no panteão dos Orixás hoje! Axé na caminhada!
Negra constelação para a voz que seguirá amordaçando a opressão!
Elza – A Deusa redentora das encruzilhadas! (Yuri Coloneze)
Meu verso se confunde com o soprar perverso das páginas de iludidas vitrolas.
A quem tanto negou a negra voz em potência que ponteia populares vielas e violas.
No cruzamento entre a língua que reverbera o machismo aliado ao racismo.
Na lata do lixo que sempre busca esmagar a voz que sintetiza clamores coletivos na beira de sociais abismos.
Em românticos cantos que constroem a pobreza palatável através de indescritíveis eufemismos
A deusa cultiva a luta contra o mal que tanto nos consome.
No prato que ora é semente da percussão e ora é retrato de ausência para aqueles que tanto sentem fome.
E para quem não conhece o planeta de quem a sociedade tanto ignora o nome.
A palavra ressalta a verdade da lida através da soma dos excluídos por meio dos retos pronomes.
Eu, tu e eles! Todos na duríssima carne que extrapola a atemporalidade da exploração do tempo que se perde e some.
É saliva que grita a realidade dos morros que engrandecem o riscado.
Em bailados com vassouras, lavouras, capoeiras, compassos e agogôs tão espiritualmente carregados.
Do desejo não captado pela tinta da rosa de ouro descrita em sorriso de Isabel princesa.
A luz maior resgata assim a verdadeira negritude de cultural realeza.
Vozes escravizadas e largadas nos cortiços de divina providência.
No espaço que conduz a arte das encruzilhadas por excelência.
Encantarias escandalizadas e criminalizadas na vitrine da propagada terra da igualdade.
Pedras jogadas contra os atabaques que simbolizam laços místicos com nossa sagrada ancestralidade.
E dessa forma rainha Elza mergulha em quem tanto a despreza.
Na Vera Cruz que conta com a ajuda de todos os santos, xirês, ervas e rezas.
Elza é Zé Pereira, Bahia de todos os deuses, Uirapuru ou simplesmente Mocidade.
Partiu na flecha da terra de Oxóssi e também de São Sebastião que o verde chão exala e invade!
Estrela independente capaz de transcender nossas brasileiras feridas e espalhar o açoite que não está em retrato.
Para ainda chegar nas casas grandes deste Brasil que tanto ousa celebrar a tal ausência de opressão em seus tenebrosos hiatos!