Quinta escola a entrar na avenida no sábado (22), a Águia de Ouro desempenhou bem seu papel na montagem do desfile que conta a trajetória da sabedoria e exalta o poder do conhecimento.
Criação do carnavalesco Sidney França – que já entregou 11 desfiles pela Mocidade Alegre, foi carnavalesco da Vila Maria e também da Gaviões da Fiel – o enredo O Poder do Saber, Se Saber é Poder… Quem Sabe Faz a Hora, Não Espera Acontecer cumpriu a missão de reunir os maiores feitos da humanidade na construção do conhecimento e mostrar desde os saberes primitivos até o futurismo dos robôs. O lado ruim do saber também foi lembrado, com um carro alegórico inteiro dedicado a encenar os efeitos da bomba atômica em Hiroshima.
Com um desfile visualmente bonito e encantador, a escola da Pompeia veio trazendo fantasias coloridas e bem acabadas, em alas que reproduziram fielmente a linha histórica das descobertas do ser humano. Na bateria, o bom andamento ficou por conta das seções de chocalhos e caixas, que ajudaram a empolgar a torcida presente no Anhembi. Destaque para os componentes, que soltaram o canto forte no samba e foram acompanhados pelas arquibancadas ao longo da passagem pela pista.
Muito emocionado, Sidney França concedeu entrevista para a SASP na dispersão da escola e comemorou a execução do enredo no sambódromo.
“Eu, que sou um leitor voraz, fiquei muito satisfeito de ver o resultado de hoje na avenida, pois quando pensei a montagem do desfile já ficava imaginando na minha cabeça cada setor, cada detalhe. Esse enredo foi uma oportunidade para colocar minhas ideias e lembranças em prática e fazer quase que uma poesia para a educação. Tivemos um ano muito difícil financeira e estruturalmente e, por isso, chegar até aqui já foi uma vitória. Eu senti a escola muito feliz, e isso me deixou feliz”, resumiu o carnavalesco.
PRIMEIRO SETOR
Elencando a importância do poder do saber para a humanidade, o Águia de Ouro adentrou o desfile no Anhembi prometendo percorrer todos as ramificações do enredo O Poder do Saber, Se Saber é Poder… Quem Sabe Faz a Hora, Não Espera Acontecer. Logo no primeiro setor, a agremiação trouxe as grandes novidades vivenciadas pelo mundo, desde o homem primitivo imitando as matilhas de lobos até as mais diversas formas de metamorfose da vida. A comissão de frente surgiu apresentando um velho sábio guardião da odisseia humana sobre a Terra, convidando a conhecer sobre a sabedoria humana através do passado, presente e futuro. O abre-alas personificou todo um relicário de tipos e espécimes, revelando o mundo fantástico que a escola continuaria a trazer na sequência.
SEGUNDO SETOR
Para a segunda parte, o Águia apostou na superação dos limites da mente humana, exaltando a imaginação, a criação e as crenças. Deuses e mitos, a descoberta do fogo, o desenvolvimento da agricultura e a invenção da roda, além do poder de cura e a manifestação da arte, foram os simbolismos representados nesse momento na avenida. A sabedoria milenar preencheu os espaços do segundo carro, promovendo o encontro da arte e da fé. Histórias registradas em livros como a Bíblia Sagrada, Ilíada, Dom Quixote De La Mancha, Romeu e Julieta, Alice no País das Maravilhas, Sítio do Pica-pau Amarelo, O Pequeno Príncipe e Harry Potter foram obras citadas como verdadeiras cristalizadoras do pensamento e resumiram a importância do saber para o Ocidente.
TERCEIRO SETOR
A Era do Renascimento, momento em que o homem e suas vontades passaram a ser reconhecidos como centro de tudo o que há no planeta, inspiraram o terceiro setor da escola – que trouxe o legado de grandes feitos das artes e das ciências. Dentre eles, as obras de Leonardo Da Vinci, as criações de Santos Dumont e conceitos como a observação das estrelas, o surgimento da inteligência artificial, o estudo das partículas atômicas e o desenvolvimento da bomba. Assim, a terceira alegoria ficou responsável por representar os limites da criação, alertando para o fato do saber ter gerado o caos, culminando em episódios como as grandes guerras mundiais.
QUARTO SETOR
Nesse momento, o Águia de Ouro veio explorando a ideia do “saber é poder”, destrinchando a ideia do conhecimento como ferramenta de domínio. Generais ditadores, charlatões – falsos profetas, cartomantes e videntes, proprietários da palavra de Deus, estudantes e formandos foram os personagens a personificar a detenção do saber. A força da educação, por fim, veio simbolizada no penúltimo carro, ressaltando a importância dos livros e – principalmente – dos mestres professores na formação intelectual do indivíduo.
QUINTO SETOR
Encerrando seu desfile pela passarela do samba, a escola trouxe a perspectiva do resgate de valores e do saber como forma de respeito à diversidade. A preservação da natureza, o amor ao próximo, a partilha de riquezas apareceu como solução para o conhecimento construtivo dos indivíduos e de todos os saberes acumulados na história do homem sobre a Terra, resultando na conquista dos desejados tempos de paz. O progresso tecnológico e os cidadãos do futuro vieram na finalização com a quinta alegoria, reforçando o pensamento da agremiação de que o saber garantirá a paz.